A Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) vai realizar uma reunião subordinada ao tema “Canabinoides na dor crónica – mitos, factos e opções terapêuticas”, no dia 22 de fevereiro, pelas 19h00, em formato online. A iniciativa, que resulta de uma parceria entre a APMGF e a Tilray Medical Portugal, é destinada a médicos de família e tem como objetivo discutir o uso dos canabinoides para o tratamento da dor crónica, suas indicações e vantagens.
Moderada por Hugo Cordeiro, médico na Santa Casa da Misericórdia do Porto e na clínica médica Geridoc e membro do Grupo de Estudos de Dor da APMGF, a reunião vai contar com as apresentações de Artur Aguiar, médico especialista no tratamento de dor no IPO-Porto, que vai abordar a importância do sistema endocanabinoide e das potenciais aplicações terapêuticas da canábis medicinal, sobretudo para o tratamento da dor crónica; e de Raul Marques Pereira, responsável pela Consulta de Dor da USF Lethes, em Ponte de Lima, que vai falar sobre o estado da arte na utilização de canabinoides na dor e do seu uso prático em Cuidados de Saúde Primários.
“Nos últimos anos, não têm surgido novas terapêuticas para o controlo da dor crónica e os canabinoides são uma opção que abre diferentes janelas de intervenção, podendo trazer benefícios no tratamento da dor crónica e em outras patologias, quer através do alívio da dor, quer na redução das doses dos medicamentos habitualmente utilizados. O tema dos canabinoides ainda não faz parte do currículo dos cursos de saúde, nomeadamente de Medicina e de Enfermagem. É fundamental que se organizem este tipo de eventos, como forma de passar informação e sensibilizar os profissionais de saúde para esta terapêutica”, afirma Artur Aguiar.
Raul Marques Pereira é da mesma opinião: “Os canabinoides são uma nova classe de fármacos que temos à disposição em Portugal e que terão que ser tidos em conta no tratamento de situações de dor com má resposta aos fármacos mais utilizados habitualmente. Este evento é importante porque pretende apresentar esta classe terapêutica aos médicos e discutir o seu uso, nomeadamente quais as indicações e os doentes que mais podem beneficiar. É fundamental que os médicos estejam familiarizados com o sistema endocanabinoide para poderem aconselhar os seus doentes com a maior evidência científica.”
Hugo Cordeiro considera que “o uso de canabinoides pode ajudar na poupança de opioides e apresenta uma relação risco-benefício favorável, quando usados segundo as prescrições e segundo as indicações corretas”. “É uma nova porta que se abre para o uso deste tipo de substâncias e os resultados são promissores e serão, certamente, no futuro ainda mais interessantes. É um tema extremamente premente, que faz todo o sentido abordar e discutir entre profissionais. Têm surgido muitos resultados de investigação nesta área, sendo mais uma arma terapêutica para ajudar os nossos doentes no tratamento da dor crónica”, conclui.
A inscrição na reunião é gratuita, mas obrigatória. Pode inscrever-se aqui: https://docs.google.com/forms/d/1JwtF5EPHpC2IBlPw5IjUjz-V2E72eDVgMIzf_uHBBO8/viewform?edit_requested=true
A dor crónica é definida como uma dor persistente ou recorrente durante pelo menos 3 a 6 meses, que muitas vezes perdura além da cura da lesão ou da patologia que lhe deu origem, ou que existe sem lesão aparente. Além de ser causa de sofrimento, provocando insónias, ansiedade e depressão, podendo até levar ao suicídio, a dor crónica tem, também, repercussões na saúde física do doente. Por exemplo, pode levar a alterações do sistema imunitário, com consequente diminuição das defesas do organismo e aumento da suscetibilidade às infeções. A dor crónica tem repercussões sobre o doente e a sociedade, tanto pelo sofrimento que provoca, como pelos custos socioeconómicos que lhe estão associados.