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Médicos demissionários do Litoral Alentejano vão «continuar em funções»

27 de Fevereiro de 2015

O presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo, José Robalo, manifestou-se hoje preocupado com a demissão de 14 médicos do Hospital do Litoral Alentejano (HLA), os quais vão «continuar em funções».

«Vejo com preocupação. As pessoas, para apresentarem a sua demissão, é porque não se sentem bem, obviamente», disse José Robalo, em declarações à agência “Lusa”.

Contudo, questionado pela “Lusa” sobre os efeitos imediatos desta demissão, o responsável afirmou que os clínicos «vão continuar em funções» e que a ARS e o conselho de administração da Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano (ULSLA), que integra o hospital, vão procurar dar resposta às preocupações invocadas pela equipa demissionária.

«Vamos tentar ver se conseguimos acomodar algumas das suas preocupações, porque queremos é que as coisas funcionem bem», frisou.

O presidente da ARS falava à “Lusa” a propósito da demissão, na quinta-feira, de 14 médicos que «têm assumido» a chefia de equipa da Urgência do HLA, em Santiago do Cacém, alegando a «degradação contínua das condições de trabalho, quer em termos de falta de material, quer em termos de falta de pessoal».

Também na quinta-feira, em comunicado enviado à “Lusa”, o conselho de administração da ULSLA recusou a acusação de «degradação» do Serviço de Urgência do hospital.

Segundo o presidente da ARS Alentejo, «nem tudo» o que é invocado no abaixo-assinado «corresponde à realidade», pois, por informações que disse ter recebido da ULSLA, «não há falta de material, nem qualquer justificação» para tal.

Já em relação à falta de profissionais, José Robalo admitiu que há «dificuldades de captação de médicos para o litoral alentejano», problema que «se arrasta há anos».

«No ano passado, para o HLA, abrimos 51 vagas. Destas, embora ainda estejam algumas a concurso, só um médico é que aceitou o lugar», apontou, sublinhando: «Nós não podemos, de facto, obrigar os médicos a irem para lá. Já temos tido médicos que aceitam o lugar e que, depois, se vão embora».

As Urgências do HLA funcionam com duas linhas de atendimento, sendo a primeira assegurada por dois médicos de empresas de prestação de serviços e a segunda por «cerca de 12 médicos» do próprio hospital.

«O que acontece é que, às vezes, as empresas não nos dão os dois médicos que solicitamos para a 1.ª linha e, quando nos mandam só um, os da 2.ª linha têm que dar uma ajuda», explicou.

Segundo José Robalo, «uma das soluções que o Ministério da Saúde está a analisar passa por poder beneficiar, de alguma forma, os profissionais que vão para zonas menos atrativas ou periféricas».

Para já, no HLA podem vir a avançar obras de melhoria no Serviço de Urgência, o qual, no projeto do hospital, foi «mal dimensionado», estando previsto o alargamento das salas do serviço de observação.

Contactado pela Lusa sobre a situação no HLA e no Hospital Garcia de Orta, em Almada, o Ministério da Saúde recordou «o esforço que tem sido feito no sentido de recrutar todos os profissionais de saúde disponíveis, incluindo, no caso dos médicos, os que queiram interromper a aposentação ou passar dos setores privado e social para o público».

O ministério recordou, igualmente, «os investimentos feitos e em curso para melhorar o atendimento num significativo número de hospitais, especialmente em serviços de urgência, e as medidas para garantir o equilíbrio financeiro de unidades que se encontravam em situação de falência técnica».