Médicos dos hospitais públicos do Algarve repudiam declarações do presidente do Centro Hospitalar 388

Médicos dos hospitais públicos do Algarve repudiam declarações do presidente do Centro Hospitalar

17-Fev-2014

Numa carta aberta dirigida ao conselho de administração do CHA e a que agência “Lusa” teve acesso, os médicos classificaram a atuação de Pedro Nunes, presidente do conselho de administração, como «desajustada e caluniosa, ao apelidar uma médica de burra, tonta e pateta, e de tontos os médicos do Serviço de Cardiologia».

«Repudiamos vivamente que o presidente do órgão de gestão do CHA assuma publicamente essa opinião injuriosa, ao invés de assumir as suas próprias responsabilidades, inerentes ao cargo», lê-se na carta subscrita pelos médicos dos internatos complementares, do ano comum e assistentes hospitalares.

A 6 de janeiro, 205 médicos assistentes hospitalares com vínculo laboral ao CHA alertaram, também em carta aberta para a situação de rutura registada nos hospitais públicos do Algarve que, segundo alegaram, «coloca em risco a assistência médica à população».

Agora, são também os médicos dos internatos complementares e do ano comum a juntarem-se nas críticas às opções de gestão do Centro Hospitalar do Algarve e alertarem para a degradação dos serviços.

«O episódio recente, em que se constatou a incapacidade de marcação de exame programado por falta de material clínico no Serviço de Cardiologia, veio comprovar os piores receios. Infelizmente, situações similares têm ocorrido noutros serviços e noutras especialidades, com consequências graves para a saúde no Algarve», observam os clínicos.

Os médicos lamentam o silêncio das direções clínica e do internato médico do CHA, sobre as opções de gestão que têm sido assumidas, e face às injúrias dirigidas aos profissionais de saúde dos hospitais públicos.

«As recentes atitudes do presidente do conselho de administração levaram a que 370 médicos em todas as fases da carreira manifestassem a sua opinião», justificam os clínicos na carta aberta a Pedro Nunes.

«Consideramos estar perante uma verdadeira crise institucional e esperamos que vossa excelência lhe ponha termo de forma ajustada», conclui a missiva que será enviada a várias entidades entre as quais, ao ministro da Saúde.