Médicos e enfermeiros em greve 47

Os médicos iniciam hoje uma greve de dois dias para exigir melhores condições laborais, com a Federação Nacional dos Médicos a pedir um ministro que “perceba de saúde e que consiga servir o SNS”.

A greve nacional agendada pela Federação Nacional dos Médicos (Fnam) decorre entre hoje e quarta-feira e é marcada por uma manifestação esta tarde junto ao Ministério da Saúde.

Em declarações à agência Lusa, a presidente da Fnam, Joana Bordalo e Sá, voltou a afirmar que o “único responsável” por esta jornada de luta é a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, que “nada fez para resolver o problema da falta de médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.

“A Fnam apresentou as soluções atempadamente, mas Ana Paula Martins preferiu não as incorporar para termos mais médicos no SNS e, como tal, somos empurrados para esta greve”, referiu a responsável.

Entre as reivindicações da Fnam, que em julho cumpriu dois dias de greve geral, está a reposição do período normal de trabalho semanal de 35 horas e a atualização da grelha salarial, a integração dos médicos internos na categoria de ingresso na carreira médica e a reposição dos 25 dias úteis de férias por ano e de cinco dias suplementares de férias se gozadas fora da época alta.

“O responsável é mesmo o Ministério da Saúde, de Ana Paula Martins, que nada fez para reverter isto. Nós também exigimos um ministro ou ministra que perceba de saúde e que consiga servir o SNS na sua essência, que é um dos garantes da nossa sociedade e da nossa democracia”, vincou.

A líder sindical disse que se preveem “constrangimentos na atividade programada, com consultas e cirurgias adiadas”, entre hoje e quarta-feira.

“De qualquer forma, os serviços mínimos serão escrupulosamente cumpridos, com habitualmente, e esperamos que a manifestação que vamos ter no Ministério da Saúde […] não tenha só a participação de médicos, mas de todos os profissionais de saúde”, salientou.

Para Joana Bordalo e Sá, o SNS só será “capaz de dar resposta” com “médicos a trabalhar em equipas multidisciplinares, multiprofissionais, motivados”.

“Nós estamos a defender um SNS público, universal, de qualidade e acessível a toda a população, porque a população tem direito a isso. Infelizmente, este Ministério da Saúde, Ana Paula Martins, não tem tido as atitudes adequadas para conseguirmos isso”, lamentou.

A paralisação da Fnam começou hoje às 00:00 e termina às 24:00 de quarta-feira, enquanto decorre em simultâneo uma greve ao trabalho extraordinário nos centros de saúde, que se iniciou em 16 de setembro e vai até 31 de dezembro.

Greve dos enfermeiros

A greve coincide também com uma paralisação de enfermeiros, convocada pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).

Em declarações à Lusa, o presidente do SEP, José Carlos Martins, disse não ter havido qualquer articulação com os médicos relativamente à greve, tratando-se de uma coincidência.

Contudo, nem o SEP nem a Fnam descartam que no futuro possa haver concertação para um protesto futuro com a união de todos os sindicatos da saúde.

A greve arranca pelas 08:00 de hoje e estende-se até às 24:00 de quarta-feira, ou seja, abrange os turnos da manhã e da tarde no dia de hoje e os da noite, manhã e tarde de quarta-feira, sob a forma de paralisação total ao trabalho programado, e abrange o Continente e a região autónoma dos Açores.

Além da alteração da grelha salarial da carreira de enfermagem, valorizando todos os níveis de todas as posições remuneratórias, a greve serve para defender a transição para a categoria de enfermeiro especialista de todos os enfermeiros que a 31 de maio de 2019 detinham este título.

O SEP pretende ainda que o reposicionamento remuneratório decorrente da transição de carreira “tenha tradução em acréscimo salarial para todos os enfermeiros” e exige igualmente a compensação decorrente do risco e penosidade inerentes à profissão, nomeadamente através de “condições especiais para aposentação” e da valorização do trabalho por turnos.