Médicos/Greve: FNAM espera maior adesão em reação a «declarações infelizes» do ministro
9 de julho de 2014
A presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), Maria Merlinde Madureira, disse hoje esperar uma «maior adesão» dos médicos no segundo dia de greve, como reação «às declarações infelizes» do ministro da Saúde.
Em entrevista à “SIC” na terça-feira, o ministro da Saúde, Paulo Macedo, afirmou que a greve de dois dias, que termina hoje, é suscitada por um «conjunto de motivos políticos», sublinhando que o Governo «tem cumprido a parte com que se comprometeu e tem estado em permanente diálogo com os sindicatos».
Paulo Macedo disse compreender as razões que levaram os médicos para a greve, mas sublinhou que o seu descontentamento é «transversal à sociedade portuguesa, as pessoas estão descontentes com a situação do país».
O ministro sustentou que «uma parte» do descontentamento dos médicos é semelhante ao de outras classes profissionais, que «muitas das vezes trabalham em condições difíceis, com rendimentos menores».
Para Maria Merlinde Madureira, as declarações de Paulo Macedo «foram muito infelizes» e podem levar mais médicos a aderir hoje à paralisação.
«Penso que há boas perspetivas para o dia de hoje, nada faz prever que possa fazer diminuir a adesão, antes pelo contrário, penso que hoje haverá uma maior adesão», porque os «médicos sentem-se ofendidos por essas declarações», que foram «muito injustas e não são verdadeiras», sustentou.
Maria Merlinde Madureira defendeu que os médicos são «um grupo profissional que respeita e quer ser respeitado» e que tem «colaborado sempre na procura das melhores soluções para os problemas do setor».
«A FNAM tem-se pautado sempre por um discurso correto, que não agrida, não faça juízos de valor de outra coisa senão das medidas que estão em curso», sublinhou.
A dirigente sindical disse ainda que hoje termina a greve e que «amanhã há que encontrar soluções».
«Eu penso que o Sr. Ministro terá consciência, terá noção de que tem que se sentar, tem que negociar, tem que saber que não podem acontecer as situações de saúde, ou de falta dela, que estão a acontecer neste momento no país», frisou, citada pela “Lusa”.
Maria Merlinde escusou-se a fazer um balanço do primeiro dia da paralisação, mas afirmou que o impacto das greves se mede pelo número de cirurgias adiadas e pelo número de consultas não realizadas.
«Esse número foi muito grande e não houve protestos da população», comentou, considerando que os médicos conseguiram também traduzir «o sentir da população quando se queixa dos cuidados de saúde atuais».