Médicos lançam «cartão do cidadão» para evitar riscos na anestesia 721

Médicos lançam «cartão do cidadão» para evitar riscos na anestesia

24 de outubro de 2014

A Sociedade Portuguesa de Anestesiologia vai lançar hoje um documento que cada pessoa deve preencher e trazer na carteira, reportando eventuais problemas de saúde que possam agravar o risco de uma anestesia.

«Preencha o seguinte questionário pré-anestésico e guarde-o na sua carteira. Este documento pode um dia salvar-lhe a vida», refere o documento, citado pela “Lusa”, que estará disponível no site da Sociedade Portuguesa de Anestesiologia e que é hoje lançado no âmbito da reunião científica desta organização.

Segundo Rui Guimarães, dirigente da Sociedade, todas as recomendações internacionais apontam para a necessidade de uma avaliação do doente antes da anestesia para «precaver quaisquer complicações».

«Muitos dos acidentes anestésicos têm a ver com alergias que eram desconhecidas», exemplificou o médico em declarações à agência “Lusa”.

O documento agora lançado pode tornar-se útil sobretudo nos casos em que uma pessoa entra inconsciente num hospital ou numa situação de urgência em que não é possível fazer uma avaliação atempada dos problemas.

Mas, de acordo com Rui Guimarães, o questionário também pode ter utilidade nas consultas de anestesia que antecedem as cirurgias, nem que seja para servir de guia para o médico e para o doente.

Além disso, o especialista lembrou que, apesar de ser uma prática recomendada, não é ainda rotina de todos os hospitais realizarem consultas de anestesia antes de uma cirurgia programada.

«Os números disponíveis no Portal da Saúde apontam para a realização, num ano, de 300 mil consultas de anestesia e mais de meio milhão de anestesias realizadas», justificou Rui Guimarães.

No documento, os doentes devem assinalar eventuais problemas de alergias, cirurgias anteriores, possíveis infeções e outras doenças, como asma.

«O grande objetivo desta iniciativa é colocar o doente no centro das nossas atenções. Visa dar um papel mais ativo à população em geral, permitindo que possa participar no processo da anestesia», resumiu o dirigente da Sociedade de Anestesiologia.

O médico lembrou que a «anestesia está mais segura do que nunca», mas mesmo assim não é um procedimento isento de risco.