Médicos pedem fármacos alternativos para tratar doentes com VIH 17 de Junho de 2015 Uma quarta parte dos pacientes com VIH tratados com antirretrovirais em Manhiça, Moçambique, desenvolveu resistência aos fármacos, o que levou os médicos a alertarem para a necessidade da utilização de medicamentos alternativos.
Um estudo desenvolvido por investigadores do Instituto de Saúde Global de Barcelona e do Instituto de Investigação da sida, hoje publicado na revista “Journal of Antimicrobial Chemoptherapy”, demonstrou que está a aumentar a resistência do VIH contra os medicamentos disponíveis.
Segundo a investigadora María Rupérez, as pessoas que desenvolveram resistência aos tratamentos podem transmitir essa resistência no momento de contágio da infeção, pelo que o número de mutações do vírus deverá aumentar com o tempo, noticiou a “Lusa”.
O estudo revela que a falta de antirretrovirais alternativos, juntamente com a ausência de mecanismos de monitorização nos países em desenvolvimento, impede que se detete o fracasso dos tratamentos a tempo de mudar os fármacos e suspender a progressão da doença.
Este estudo foi realizado no Centro de Investigação de Saúde de Manhiça, uma das regiões com maior prevalência de VIH em África, com 40% da população infetada.
Os resultados obtidos mostram que 24% dos pacientes tratados em Manhiça apresentava cargas virais elevadas, o que significa que o vírus continua a replicar-se apesar de receberem tratamento. Destes, 89% desenvolveu resistência aos fármacos antirretrovirais que se utilizam habitualmente.
«Estes dados são preocupantes porque se o tratamento que estes pacientes seguem não está a funcionar, é necessário mudar para outros tratamentos, que são mais caros e nem sempre estão disponíveis [com facilidade]», alertou María Rupérez.
«Existe [também] o perigo de que os vírus resistentes se transmitam ao resto da população, o que poderia piorar a situação e comprometer o controlo da epidemia do VIH em África», advertiu a especialista.
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