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Médicos portugueses cada vez mais interessados nas patologias africanas

27 de Janeiro de 2016

O bastonário da Ordem de Médicos de Portugal assegurou ontem, em Luanda, que há cada vez mais interesse de médicos portugueses em conhecerem melhor as patologias africanas, vontade que considerou enriquecedora para ambos os lados.

José Manuel Silva, que falava à agência “Lusa” em Luanda, participa no XI Congresso Internacional dos Médicos em Angola, que arrancou ontem na capital angolana e que decorre até quarta-feira.

O responsável, que no evento vai moderar o tema sobre “Medidas no uso racional de medicamentos”, referiu que as patologias africanas diferem em grande medida das europeias, sendo «interessante» para internos portugueses virem ao continente fazer estágios e manterem contacto com aquelas, «quer em quantidade quer em qualidade».

«Podemos ter aqui um processo de cooperação e de trocas de experiências direcional que é enriquecedor para ambos os lados. A nossa presença aqui é mais uma vez a continuação desta amizade e desta cooperação entre os nossos países e as respetivas ordens dos médicos», enalteceu.

Embora sem adiantar números, segundo José Manuel Silva já tem havido bastante presença de médicos portugueses em países africanos de expressão portuguesa, com destaque para as áreas de pediatria e obstetrícia.

Lembrou que à margem do congresso vai decorrer a reunião da Comunidade de Médicos de Língua Portuguesa (CMLP), em que estarão presentes todas as ordens de médicos da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), na qual será estreitada a cooperação bidirecional, que facilita a pós-graduação.

A mesma opinião tem o médico e investigador português Manuel Sobrinho Simões, para quem a colaboração com os países de expressão portuguesa é uma oportunidade «notável» para a classe médica de Portugal desenvolver a sua capacidade de intervenção.

Para Manuel Sobrinho Simões, a experiência que se ganha em África vai capacitar a classe médica portuguesa, quando chamada a atuar em países onde doenças hoje existentes no continente africano começarem a surgir.

«Angola representa uma espécie de exemplo do que vai acontecer em muitos outros países que estão agora em desenvolvimento. Eu estou muito otimista sobre a capacidade que Portugal tem de ajudar a resolver problemas que vão ser de muitos outros países emergentes», referiu o médico, apontando como exemplos países da América do Sul e a China.

Manuel Sobrinho Simões, que em 2015 foi eleito pela revista britânica “The Patologist”, como o patologista mais influente do mundo, no âmbito do congresso ministrou um curso sobre oncologia para mais de 70 pessoas, entre médicos e estudantes do último ano de medicina.

Participam neste evento, os bastonários da Ordem de Médicos de Portugal, do Brasil, de Moçambique, de Cabo Verde, da Guiné-Bissau, de São Tomé e Príncipe, representantes das Associações Médicas de Moçambique e de Macau.