Médicos Sem Fronteiras: Epidemia do Ébola está descontrolada e ameaça estender-se
30 de julho de 2014
O diretor de operações da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), Bart Janssens, avisou hoje, numa entrevista publicada no jornal “Libre Belgique”, que a epidemia de Ébola na África ocidental está a agravar-se e pode atingir outros países.
«Esta epidemia não tem precedentes, não está controlada, a situação agrava-se e ameaça estender-se ainda mais, sobretudo na Libéria e Serra Leoa, com focos muito importantes», declarou.
«Se a situação não melhora muito rapidamente, há um risco real de ver novos países atingidos», advertiu.
Segundo a “Lusa”, Janssens afirmou que esta possibilidade «não se pode excluir, mas é difícil de prever».
«Nunca vimos uma epidemia assim e falta uma visão de conjunto para perceber onde se situam os principais problemas», sublinhou.
A MSF está «muito preocupada com os contornos que a situação assume, particularmente» na Libéria e na Serra Leoa, disse.
«Cabe à Organização Mundial de Saúde (OMS) e aos governos destacar e organizar os meios necessários para desenvolver esforços e capacidade ao nível requerido para começar a controlar esta epidemia», concluiu o responsável da organização não-governamental.
Omar Khan, responsável médico do centro de tratamento do Ébola em Kenema, no leste da Serra Leoa, uma das regiões mais afetadas pela epidemia, morreu na terça-feira depois de ter contraído a doença na semana passada.
Considerado um «herói nacional» pelo trabalho com os doentes de Ébola, Khan foi admitido num centro de tratamento anti-Ébola, gerido pela MSF, em Kailahun, também no leste da Serra Leoa, depois de testes positivos ao vírus.
Em Londres, o Governo britânico anunciou a realização, durante o dia, de uma reunião interministerial de gestão desta crise, que considera «uma ameaça» para o Reino Unido.
«Até ao momento nenhum cidadão britânico (no estrangeiro) foi infetado e estamos bastante confiantes de que não existe qualquer caso (do vírus) no Reino Unido», declarou à estação “BBC” o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Philip Hammond.
O vírus do Ébola «constitui uma ameaça à qual se deve dar uma resposta», frisou.
A epidemia, surgida no início do ano, foi declarada primeiro na Guiné-Conacri, antes de se estender à Libéria e depois à Serra Leoa, dois países vizinhos que, a 23 de julho, totalizavam 1.201 casos e 672 mortes, de acordo com o último balanço da OMS.
O vírus do Ébola transmite-se por contacto direto com o sangue, líquidos biológicos ou tecidos de pessoas ou animais infetados.
A febre manifesta-se através de hemorragias, vómitos e diarreias. A taxa de mortalidade varia entre os 25 e 90% e não é conhecida uma vacina contra a doença.
DGS: Portugal está preparado para enfrentar Ébola mas risco é «muito baixo»
A Direção Geral de Saúde garantiu hoje que Portugal está preparado para detetar e enfrentar um eventual caso de vírus de Ébola, mas sublinhou que o risco de importação e propagação é «muito baixo».
Portugal está preparado, tal «como os restantes países europeus, para detetar um eventual caso que possa ser importado», disse à agência “Lusa” a diretora-adjunta da Direção Geral de Saúde (DGS), Graça Freitas.
A epidemia, surgida no início do ano, foi declarada primeiro na Guiné-Conacri, antes de se estender à Libéria e depois à Serra Leoa, dois países vizinhos que, a 23 de julho, totalizavam 1.201 casos e 672 mortes, de acordo com o último balanço da Organização Mundial de Saúde.
«Neste momento estamos confortáveis com a situação, o risco de importação é muito baixo», adiantou Graça Freitas, referindo que «o risco de propagação [do Ébola é] muito baixo nos países desenvolvidos».