A Associação Nacional de Cuidadores Informais (ANCI) quer saber o porquê do descanso do cuidador ou o apoio domiciliário continuarem por implementar, questões que serão debatidas no encontro nacional e de onde sairão propostas para entregar ao Governo.
Em declarações à agência Lusa, quando se assinala o Dia Mundial do Cuidador Informal, a vice-presidente da Associação Nacional de Cuidadores, Maria Anjos Catapirra, Informais explicou que o objetivo do encontro nacional, que decorre hoje em Vila Nova de Gaia, era ter as ministras da Saúde e do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social “a explicar aos cuidadores informais o porquê de não haver medidas implementadas”.
“O que acontece é que não vamos ter a presença [do Ministério] da Saúde porque todos se negaram a estar presentes, desde a ministra ao secretário de Estado, aos adjuntos, todos negaram a estar presentes”, disse Maria Anjos Catapirra.
A “Ministra do Trabalho, [Solidariedade] e Segurança Social passou o assunto para a secretária de Estado da [Ação Social e da] Inclusão, que também não vai estar presente”, mas irá enviar uma declaração gravada em vídeo, adiantou a vice-presidente da ANCI.
Segundo Maria Anjos Catapirra, o debate com as duas tutelas “já não vai ter razão de ser”, mas o encontro irá servir para elaborar um documento com propostas de medidas que depois serão enviadas aos ministérios.
“O nosso grande objetivo é saber porque é que não há medidas implementadas como o descanso do cuidador, como o apoio domiciliário, ou o porquê de haver um orçamento ainda inferior ao do ano anterior, porque não tem lógica”, apontou a responsável.
Acrescentou que seria também objetivo que as duas ministras explicassem o papel do profissional de saúde de referência, uma vez que “a maior parte das pessoas [cuidadoras] não tem” esse apoio, ou o que faz um assistente social, tendo em conta que “na maioria dos casos, as pessoas não estão a ser acompanhadas”.
Maria Anjos Catapirra afirmou que a legislação sobre estas matérias foi aprovada, mas as medidas tardam em ser concretizadas, dando como exemplo que “há muitos concelhos, como por exemplo o Seixal, que ainda não têm profissionais de saúde de referência indicados para os cuidadores informais”.
“Falta a alteração de uma série de medidas que nós pedimos, como por exemplo o subsídio de apoio não ser dependente do rendimento do agregado familiar e fazer a extensão do subsídio de apoio às pessoas que têm reformas por velhice”, defendeu.
Relativamente ao apoio domiciliário, a vice-presidente da ANCI referiu que é um serviço prestado pelas instituições de solidariedade social e que estas têm falta de pessoal qualificado, alertando que “não se limita a ser trazer comida e dar banho”.
“Têm que ser equipas multidisciplinares que possam ficar na residência a cuidar da pessoa cuidada para que o cuidador tenha algumas horas de descanso”, apontou, sublinhando desconhecer o que possa vir a ser o “apoio domiciliário de quarta geração”, anunciado pelo Governo.
Já sobre o descanso do cuidador, Maria Anjos Catapirra disse que “não funciona”, tendo em conta as filas de espera para que a pessoa cuidada possa dar entrada num lar por um período de 30 dias.
Dúvidas e questões que os cuidadores gostariam de colocar diretamente às tutelas, mas que, tendo em conta que tal não será possível, serão expostas num “documento sucinto com as exigências” a apresentar ao Governo.
O IV Encontro Nacional tem como tema ‘Direitos e Medidas por Implementar’ e conta com a presença do Presidente da República na sessão de encerramento.