Merck apoia investigadores do ICBAS na melhoria da qualidade espermática para procriação medicamente assistida 1148

A farmacêutica Merck está a colaborar com investigadores da Unidade Multidisciplinar de Investigação Biomédica do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), no Porto, para a melhoria da qualidade espermática em prol de maiores taxas de sucesso nas técnicas de procriação medicamente assistida.

“O consumo de gorduras excessivo leva a problemas de fertilidade e à diminuição da qualidade espermática, que depois passa para os filhos e netos”, afirma Marco Alves, que lidera a equipa de investigação que concluiu que uma alimentação rica em gorduras produz impactos na fertilidade masculina que podem ser transmitidos e herdados por, pelo menos, duas gerações, através de biomarcadores que permitem identificar uma “memória metabólica” presente nos testículos. “Afetando negativamente a capacidade reprodutiva durante o resto da vida” e “resultando em alterações que não são reversíveis com a mudança para uma dieta equilibrada”, garante.

Em entrevista ao portal VIVER SAUDÁVEL, o espaço informativo dos nutricionistas, Marco Alves reforça que a importância de uma alimentação equilibrada potencia uma melhor qualidade espermática, defendendo que os homens que pretendam ser pais através de técnicas de procriação medicamente assistida deveriam ser seguidos nutricionalmente durante o processo. “O aconselhamento nutricional do homem numa altura crítica em que vai ser pai seria efetivamente um grande avanço social para Portugal. Os homens apenas decidem ser pais”, diz.

Após ser eleito, em 2020, como o melhor perito do mundo em fertilidade, liderando o ranking da plataforma Expertscape, Marco Alves relembra a aproximação à farmacêutica Merck, com quem tem sido “desenvolvido um projeto, ainda em modo confidencial, que prevê melhorar a qualidade espermática para técnicas de procriação medicamente assistida”. O projeto, cujo financiamento iniciado há dois anos já se encontra na “reta final”, será reavaliado para confirmar a sua continuidade, ou se será necessário “seguir outro caminho”, continua o investigador.

As soluções não passam “necessariamente por medicamentos, podem ser por exemplo meios de preservação, aconselhamentos com moléculas que permitem modular a atividade do espermatozoide”. Trata-se, conclui, de “procedimentos laboratoriais” e não de produtos farmacêuticos para os consumidores finais.