Metade da população da OCDE tem excesso de peso, crise contribui para o problema
28-Maio-2014
Mais de metade da população dos países da OCDE e uma em cada cinco crianças têm excesso de peso ou obesidade, revelou ontem a organização, alertando que a crise económica poderá estar a contribuir para a epidemia.
Publicados ontem como uma atualização do relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) “Obesidade e a Economia da Prevenção”, de 2010, os novos dados revelam que os níveis de obesidade continuaram a crescer nos últimos cinco anos na maioria dos países, mas a um ritmo mais lento do que antes.
A obesidade praticamente estabilizou no Reino Unido, Itália, Coreia e EUA, mas aumentou dois a três por cento na Austrália, Canadá, França, México, Espanha e Suíça, conclui a organização, sediada em Paris.
Nenhum dos 34 países da OCDE registou até hoje uma inversão da tendência de crescimento desde que começou a epidemia da obesidade.
A OCDE sublinha ainda que a crise económica terá contribuído para aumentar a obesidade e o excesso de peso, já que muitas famílias, especialmente nos países mais atingidos, foram forçadas a cortar nas despesas com alimentação, o que muitas vezes incentiva os consumidores a mudar para alimentos mais baratos, mas menos saudáveis.
Durante a crise de 2008-09, exemplifica a OCDE, os lares do Reino Unido diminuíram as despesas com alimentação em 8,5%, havendo «alguma evidência de um aumento da ingestão de calorias»: a densidade calórica dos alimentos adquiridos aumentou 4,8%.
Também as famílias gregas, irlandesas, italianas, portuguesas, espanholas e eslovenas diminuíram ligeiramente os gastos em fruta e vegetais entre 2008 e 2013, acrescenta a OCDE.
Recordando que a obesidade representa entre um e três por cento das despesas com saúde na maioria dos países – 05 a 10% nos EUA -, o que tenderá a aumentar à medida que as doenças da obesidade se forem instalando, a OCDE considera evidente que é preciso tomar medidas para abordar o problema.
As análises da OCDE têm demonstrado o potencial dos impactos para a saúde e a economia de uma série de políticas, como a introdução de mais impostos sobre os alimentos e bebidas calóricos, a melhoria da etiquetagem dos alimentos ou uma regulação mais apertada da publicidade alimentar, citou a “Lusa”.
Segundo os números da OCDE, em média os 34 países da organização têm 18,4% de adultos obesos, taxa que nos EUA atinge os 35,3%. No Brasil, 15,8% dos adultos sofrem de obesidade, enquanto em Portugal a doença atinge 15,4%.