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Metade dos obesos são operados fora do prazo recomendado

25 de Maio de 2015

Em Portugal, metade dos obesos com indicação de cirurgias de redução do tamanho do estômago e do intestino são operados no Serviço Nacional de Saúde (SNS) fora do prazo recomendado. O total anual caiu para menos de 1.500 intervenções.

Desde que o Programa de Tratamento Cirúrgico da Obesidade terminou, em 2012, que o número de pessoas sujeitas a este tipo de operações caiu. O total anual destas cirurgias feitas no âmbito do Serviço Nacional de Saúde (SNS) chegou a aproximar-se das 1.900 em 2011, mas em 2014 terá ficado abaixo das 1.500, caso no segundo semestre o comportamento tenha sido igual ao do primeiro.

Metade dos doentes foram operados fora do tempo máximo recomendado para estas situações, que é de nove meses. O “Público” solicitou os dados finais à Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), mas não obteve resposta. No país inteiro são feitas perto de 3.000, com muitos doentes a recorrerem ao sector privado, sobretudo quem tem convenções e subsistemas, mas os seguros de saúde não comparticipam.

Rui Ribeiro, que é também presidente da Sociedade Portuguesa de Cirurgia da Obesidade, alerta que estes números não contam tudo: o acesso às primeiras consultas da especialidade no SNS também tem sido dificultado, pelo que muitos obesos ainda nem sequer constam da lista de inscritos para cirurgia, mas lembra que apesar de tudo estamos melhor do que países como a Alemanha, que não paga estas soluções.

O cirurgião coordena a Unidade de Tratamento Cirúrgico da Obesidade do Centro Hospitalar Lisboa Central que, a par do Centro Hospitalar de São João, no Porto, é das que mais casos atendem. Mas já aconteceu chegar a altura de chamar um doente e “ele ter morrido seis meses antes, com um enfarte do miocárdio”.

É por isso que o presidente da Associação de Doentes Obesos e Ex-Obesos de Portugal, Carlos Oliveira, salienta que o que é feito não chega num país com «350 mil super-obesos». Os últimos dados da Direção-Geral da Saúde, publicados em dezembro do ano passado, apontam para um milhão de obesos e 3,5 milhões de pré-obesos.

O representante dos doentes mostra-se especialmente preocupado pela falta de aposta na prevenção, numa altura em que garante que a crise «aumenta a obesidade». Além disso, lembra que a cirurgia e exames facilmente chegam aos 15 mil euros, «um valor ao alcance de poucos».