A ministra da Saúde disse esta quinta-feira desconhecer formalmente a existência de ruturas de vacinas, mas espera que a Direção Executiva forneça a “informação necessária” para avaliar dificuldades que Unidades Locais de Saúde possam estar a ter para as adquirir.
A Ordem dos Enfermeiros alertou recentemente para constrangimentos na distribuição de vacinas que integram o Plano Nacional de Vacinação reportados por enfermeiros dos cuidados de saúde primários, uma situação que foi hoje debatida na conferência “Desafios da Vacinação e Saúde Global: Presente e Futuro”, organizada pela Associação da Indústria Farmacêutica (Apifarma).
Questionada sobre esta situação, à margem da conferência, a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, disse conhecer as notícias publicadas na imprensa, mas assinalou que, “até agora, não chegou ao gabinete e ao Ministério da Saúde nenhuma informação detalhada sobre essa matéria”.
“Mas há uma mensagem que eu gostava desde já de deixar para salvaguarda da tranquilidade e da serenidade dos portugueses, dos cidadãos, que é naturalmente que a Direção Executiva nos dará toda a informação – tenho a certeza absoluta disso – que é necessária para avaliarmos as dificuldades que algumas Unidades Locais de Saúde [ULS] poderão estar a ter nesta transição na aquisição de vacinas ou por outras razões que nós ainda desconhecemos”, salientou.
Ana Paula Martins disse ainda que o Ministério da Saúde e os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde “estão completamente disponíveis para conseguir apoiar a Direção Executiva, que é quem tem a responsabilidade da articulação da rede do Serviço Nacional de Saúde, a resolver os problemas que por eles sejam identificados”.
Presente na conferência, o presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, Gustavo Tato Borges, afirmou que habitualmente há uma dificuldade em ter acesso a determinadas vacinas, nomeadamente da BCG e do tétano.
“Este ano já houve dificuldades com outras vacinas”, disse o médico, salientando que há “uma forte mobilização” dos centros de saúde a solicitar às suas Unidades Locais de Saúde (ULS) para que enviem as vacinas.
Gustavo Tato Borges considerou que, com a extinção das Administrações Regionais de Saúde, que faziam a compra das vacinas, e a transição para o modelo de ULS, que entrou em vigor em janeiro, não foi totalmente acautelada como seria feita a aquisição de vacinas em 2024.
“Aliás, muitas ULS ainda estão neste momento a perceber como é que vão integrar os cuidados de saúde primários, a saúde pública, e todo este processo acaba por lentificar o acesso à vacina e isso é um problema que nós e outras entidades já alertamos e que gostaríamos de ver resolvido brevemente”, realçou o responsável.
Questionada, à margem da conferência, sobre a rutura de vacinas, a presidente da Comissão Técnica de Vacinação da Direção-Geral da Saúde, Marta Valente Pinto, afirmou que a informação que tem da DGS “é que pontualmente existem algumas ruturas de ‘stock’”.
Mas explicou que, por haver “sistemas de monitorização e de vigilância”, o problema “é identificado imediatamente” e a situação é reposta de “forma muito rápida” e as pessoas que não puderam levar a vacina naquele momento são identificadas e são depois vacinadas.
“É óbvio que reconhecemos que se perde uma oportunidade de vacinação, mas também sabemos que a DGS faz tudo o que está ao seu alcance, através dos vários parceiros, para evitar que essas ruturas aconteçam”, salientou a médica pediatra.