A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, afirmou hoje que vai haver “muitíssimos centros de saúde” com capacidade de fazer exames, mas assinala a dificuldade de conseguir os profissionais necessários para assegurar a tarefa, avança a Lusa.
No âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), disse que haverá “muitíssimos centros de saúde com capacidade resolutiva ao nível de meios complementares de diagnóstico, a questão (…) é ter recursos humanos para lá pôr”.
Ressalvando que não se trata apenas de recrutar técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, a ministra afirmou na Comissão Parlamentar de Saúde, onde foi ouvida durante quatro horas sobre o Plano de Emergência da Saúde, que “há muitas situações” em que são abertas vagas que ficam por preencher.
“Não conseguimos de facto recrutar. Há uma grande competição e não é só no privado é fora do país”, disse, exemplificando que um anestesista na Bélgica ganha quatro vezes mais do que no setor privado em Portugal.
A ministra admitiu a possibilidade de haver “novos modelos de atração dos profissionais e que sejam mais em modelo de profissão liberal”, para os profissionais ficarem no Serviço Nacional de Saúde.
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Relativamente aos problemas nas urgências por falta de profissionais para assegurar as escalas, a governante adiantou que está a ser estudado um decreto-lei que ajude, pelo menos, por mais um ano, até estar tudo “mais reorganizado, a ter um pagamento suplementar de horas de urgência”, além de outros incentivos.
“O nosso objetivo é não termos pessoas a trabalhar 800 horas, porque não é suportável. As pessoas entram em burnout, abandonam a medicina, abandonam os hospitais, vão fazer outra coisa na vida, isto não é sistema”, declarou.