O ministro da Saúde reconheceu esta quarta-feira que houve atrasos na contratação de vacinas que obrigaram a uma gestão “mais prudente” dos ‘stocks’ nos centros de saúde, mas afirmou que já está garantido o normal abastecimento.
A declaração de Manuel Pizarro, feita hoje na Comissão Parlamentar de Saúde, foi contrariada pelo deputado do PSD Pedro Melo Lopes, que acusou o ministro de mentir, dizendo que tentou vacinar o filho num centro de saúde e não havia vacina do tétano.
“É mentira”, afirmou Pedro Melo Lopes, num momento de maior tensão nesta audição do titular da pasta da Saúde, que levou o presidente da comissão a intervir, pedindo ao deputado para não falar fora da sua vez, e o próprio ministro a reagir, afirmando: “Nada no debate político autoriza a falta de educação”.
Questionado pelos deputados, Manuel Pizarro rejeitou o esvaziamento de funções da Direção Geral da Saúde (DGS), sublinhando que o processo de vacinação sazonal, que decorria em paralelo com a vacinação para a covid-19 fora dos centros de saúde, “vai ser de novo internalizado” na DGS.
Sobre a substituição de Graça Freitas à frente da DGS, Pizarro insistiu que a diretora-geral da Saúde se mantém “em plenitude de funções” e que se achou mais acertado lançar inicialmente o concurso para diretor-geral da saúde – uma vez que a responsável disse não estar disponível para se manter no cargo – e, depois da seleção da próxima liderança, organizar a restante equipa.
Reconheceu que “foi inesperada” a demissão do então sub-diretor-geral Rui Portugal, que assumia, em substituição, o cargo de Graça Freitas, explicando que essa situação obrigou à nomeação de um sub-diretor-geral (André Peralta).
Contudo, insistiu que Graça Freitas “não fugiu”, que se mantém em funções e que a DGS está tranquila “como sempre esteve, com os seus 172 profissionais”.
“A não ser que ache que alguém chamado Rui é mais qualificado do que alguém chamado André”, respondeu Pizarro, dirigindo-se à deputada da Iniciativa Liberal (IL) Joana Cordeiro.
Questionado pela mesma deputada sobre as demissões no serviço de Obstetrícia do Hospital Santa Maria, Manuel Pizarro disse acompanhar o caso “com preocupação”, mas sublinhou que está numa posição de aguardar “que as partes se entendam”, reconhecendo que parte do conflito está relacionada com a reestruturação do bloco de partos.
Sobre o encerramento este verão do bloco de partos do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e a consequente concentração de serviços no São Francisco Xavier, Pizarro lembrou que o edifício materno infantil do Hospital São Francisco Xavier está sobredimensionado para a procura que tem, mas reconheceu: “Somando o volume de partos [desta unidade e de Santa Maria], cerca de 4.500, não é suficiente”.
“É um volume que não acontece todos os dias, mas, por isso mesmo, contratualizamos com os privados, para o caso de haver necessidade, na região de Lisboa”.