Missão 70/26 quer controlar 70% dos hipertensos vigiados nos centros de saúde até 2026 847

A Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH) lançou uma iniciativa nacional que visa controlar 70% dos hipertensos vigiados nos cuidados de saúde primários até 2026, através de um conjunto de ações destinadas a profissionais de saúde e doentes.

De forma a poder monitorizar o impacto das ações desenvolvidas na iniciativa “Missão 70/26”, a SPH adianta que fará uma avaliação regular dos indicadores disponíveis no Bilhete de Identidade dos Cuidados de Saúde Primários, sabendo que atualmente são vigiados nos centros de saúde 52,8% dos hipertensos.

Desta forma, os especialistas pretendem “alterar o panorama atual, caracterizado por um controlo deficiente da pressão arterial, que contribui fortemente para a elevada prevalência de acidente vascular cerebral, bem como de outras doenças”, como a doença isquémica cardíaca, demência vascular e doença renal crónica.

Divulgada a propósito do Dia Mundial da Hipertensão, assinalado na quinta-feira, a “Missão 70/26” pretende também sensibilizar a população para a importância de medir regularmente a pressão arterial, de aderir à terapêutica e de consultar o médico regularmente para vigiar a hipertensão arterial, uma doença que afeta cerca de 42% da população portuguesa, estimando-se que mais de 25% dos doentes desconheça que sofre desta doença crónica, o principal fator de risco para o Acidente Vascular Cerebral.

A presidente da SPH, Rosa de Pinho, adiantou à agência Lusa que já foram iniciadas ações destinadas a doentes e profissionais de saúde nos centros de saúde e nos hospitais e que irão ser realizadas também algumas ações nas escolas, nas universidades seniores e em empresas.

Castelo Branco foi a cidade escolhida para assinalar o Dia Mundial da Hipertensão, durante o qual alunos e profissionais da área da saúde vão realizar rastreios gratuitos à pressão arterial, além de prestarem aconselhamento nutricional, estando a população convidada a juntar-se às sessões de atividade física e ioga e a assistir a sessões de esclarecimento.

O objetivo é sensibilizar a população para a importância de medir regularmente a pressão arterial, cujos valores devem ser inferiores a 14/9. Além disso, pretende-se reforçar as mensagens de que é fundamental praticar exercício físico regular, adotar uma alimentação saudável com baixo teor de sal e cumprir a medicação.

“Infelizmente, a hipertensão é uma doença silenciosa, não dá sintomas e as pessoas muitas vezes dizem que não precisam da medicação ou que não precisam de medir [a pressão arterial] porque se sentem bem”, referiu, alertando que, “habitualmente, quando há sintomas pode já ser algum evento com um enfarte miocárdio ou um AVC”.

Além da hipertensão, devem ser tidos em conta outros fatores, como o excesso de peso e o colesterol elevado: “Em conjunto vão fazer com que aquela pessoa seja uma bomba-relógio que a qualquer momento pode ter um evento (…) e nós sabemos que em Portugal, a principal causa de morte continua a ser as doenças cardiovasculares, nomeadamente o acidente vascular cerebral”, salientou Rosa de Pinho.

Anunciou ainda que foi criado um prémio monetário para incentivar um grupo de profissionais de saúde a fazer “algum trabalho junto da comunidade”, nomeadamente um projeto para conseguir incentivar os doentes a cumprir melhor a medicação.