O bastonário da Ordem dos Médicos de Moçambique defendeu hoje, em declarações à agência “Lusa”, uma fiscalização mais rigorosa às farmácias do país, face à proliferação de estabelecimentos de bairro que promovem o uso ilegal de medicamentos.
«O problema em Moçambique é que não se implementam as leis», que já existem, disse Eugénio Zacarias. Segundo o bastonário, «a Inspeção Nacional de Saúde, a Inspeção de Farmácia e a Procuradoria-Geral da República não fiscalizam» como deviam, ação que seria «fundamental» para combater a contrafação e importação ilegal, fatores que colocam vidas em perigo.
A experiência de Eugénio Zacarias, que leva ao alerta, surge em linha com dados divulgados no início do ano pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
A agência das Nações Unidas referiu que, em média, 10,5% dos medicamentos em países de médio e baixo rendimento (caso de Moçambique) são de qualidade inferior ou falsificados.
Acrescem ainda as dificuldades na reposição de medicamentos, no país, alertou há dois meses o Centro de Integridade Pública (CIP), organização da sociedade civil moçambicana.
O CIP referiu que a crise de medicamentos em Moçambique está longe de ser ultrapassada: num estudo, realizado de 20 de setembro a 06 de outubro de 2017, aquela organização detetou casos em que a reposição do fornecimento de medicamentos levou nove meses para ser feita.
Neste cenário, a falta de uma fiscalização mais rigorosa faz com que se viva uma situação de «desgoverno» em que «o cidadão é que paga», concluiu o bastonário da Ordem dos Médicos.