Monkeypox: Contágios aumentaram 20% na última semana em todo o mundo 345

O número de contágios pelo vírus Monkeypox em todo o mundo aumentou 20% na última semana, em que foram contabilizados 7.500 novos casos, anunciou esta quarta-feira a Organização Mundial de Saúde (OMS).

De acordo com o balanço da OMS, o total de contágios desde o início do surto ultrapassa os 35 mil e a doença provocou 12 mortes. Com casos registados em 92 países, o vírus circula quase exclusivamente na Europa e na América e quase todos os contágios são identificados em homens que praticam sexo com outros homens, mas a OMS sublinhou a importância de se protegerem do vírus todos aqueles que vivam com pessoas infetadas.

A propósito de uma notícia divulgada na terça-feira (16) que dá conta de um possível primeiro caso de transmissão de um humano para um cão, em Paris, França, a OMS disse que foi informada do caso, apontando que não se trata de uma situação inesperada, uma vez que os animais domésticos vivem habitualmente num ambiente fechado e em proximidade com a pessoa infetada, à semelhança de restantes membros da família.

O responsável de Emergências Sanitárias da OMS considerou que o risco nessa situação está sobretudo relacionado com a possibilidade de o vírus se instalar numa nova espécie e evoluir, o que pode alterar a forma como o vírus funciona ou a resposta imunitária que provoca. “Não devemos permitir que o vírus se estabeleça noutra população animal, há que tomar todas as precauções”, sublinhou Mike Ryan.

Na mesma conferência de imprensa, a especialista em varíola da OMS, Rosamund Lewis, explicou que há várias formas de as pessoas se protegerem em contexto familiar, designadamente isolando o doente, mantendo uma boa higiene e manuseando os resíduos com cuidado. A vacina é outra opção, mas a procura supera a oferta.

Relativamente à vacina, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, admitiu preocupação com o potencial risco de uma nova situação de acesso desigual, em prejuízo dos países mais pobres, como aconteceu durante a pandemia de covid-19. A OMS está atualmente em contacto com a farmacêutica dinamarquesa Bavarian Nordic, que produz a vacina usada para prevenir a varíola, para discutir opções como a transferência de tecnologia ou a autorização para que outros laboratórios também possam produzir a vacina.

Ainda assim, Rosamund Lewis sublinhou que a vacina “não é uma bala mágica” para o surto, porque ainda não há dados conclusivos sobre a sua eficácia, sabendo-se que não é total e se aproxima dos 85%. Segundo a responsável, isso explica que se tenham identificado casos de reinfeção entre pessoas já vacinadas e, por isso, Rosamund Lewis insistiu que a prevenção passa também pela redução do número de parceiros sexuais.

Estudos estão em curso sobre mutações genéticas

A OMS indicou que estudos decorrem para determinar se mutações genéticas no vírus Monkeypox estão na origem da propagação rápida da infeção, considerada desde 23 de julho uma emergência de saúde pública internacional. A OMS justificou à agência noticiosa AFP, na quarta-feira (17), que “há algumas genéticas entre os vírus da epidemia atual e os vírus mais antigos” de uma sublinhagem da África Ocidental (IIb).

Os vírus Monkeypox desta sublinhagem foram identificados como estando na origem da epidemia mundial atual. “Estudos estão em curso para estabelecer os efeitos (se houver) das mutações sobre a transmissão e gravidade da doença”, referiu a OMS à AFP. Segundo a OMS, “ainda é cedo para dizer se o aumento das infeções é devido a alterações genéticas observadas no vírus ou a fatores relacionados com o hospedeiro”, no caso os humanos.

Segundo as estatísticas mais recentes, Portugal é o sexto país da Europa com mais casos, 770. Os primeiros cinco foram confirmados em 03 de maio e a vacinação dos primeiros contactos próximos de infetados foi iniciada em 16 de julho. De acordo com a Direção-Geral da Saúde, os sintomas mais comuns da infeção são febre, dor de cabeça intensa, dores musculares, dor nas costas, cansaço, aumento dos gânglios linfáticos com o aparecimento progressivo de erupções que atingem a pele e as mucosas.

Uma pessoa que esteja doente deixa de estar infeciosa apenas após a cura completa e a queda de crostas das lesões dermatológicas, período que poderá, eventualmente, ultrapassar quatro semanas. O vírus pode ser transmitido através de contacto físico próximo, nomeadamente com as lesões ou fluidos corporais, ou por contacto com roupa de cama, atoalhados ou utensílios de uso pessoal contaminados.

Lusa