Mortes nas urgências no inverno passado não foram imputadas a profissionais de saúde 659

Mortes nas urgências no inverno passado não foram imputadas a profissionais de saúde

07 de Outubro de 2015

Os oito inquéritos abertos após a morte de doentes que, no último inverno, aguardaram horas a fio em vários serviços de urgência hospitalares para serem observados por médicos ou para fazerem exames de diagnóstico não podem ser imputados aos profissionais de saúde envolvidos, concluiu a Inspeção-Geral de Atividades em Saúde (IGAS).

 

Mesmo assim, a IGAS propôs uma série de mudanças de «natureza administrativa», já transmitidas aos conselhos de administração dos hospitais em causa, e avisou que vai vigiar a sua «implementação», destaca o gabinete do ministro da Saúde num apanhado sobre a conclusão das averiguações aos oito casos mediatizados no inverno passado.

 

As mortes sucederam-se entre o final de dezembro de 2014 e as três primeiras semanas de janeiro nos serviços de urgência dos hospitais de S. José (Lisboa), Santa Maria da Feira, Setúbal, Peniche, Santarém, Aveiro e Garcia de Orta (em Almada, onde houve notícia de dois casos).

 

Numa altura em que muitas urgências viviam uma situação caótica devido ao pico de procura, em plena epidemia de gripe e vaga de frio, os familiares dos doentes queixaram-se das longas horas de espera, enquanto responsáveis políticos de partidos da oposição e alguns dirigentes e profissionais de saúde punham em causa a falta de recursos humanos e de camas nos hospitais públicos.

 

Oito meses depois, a averiguação da IGAS terminou não haver matéria que permita imputar «a violação de deveres funcionais ou de legis artis aos profissionais de saúde envolvidos na assistência médica aos doentes em causa». Sem matéria para abrir processos disciplinares a médicos ou outros profissionais, a IGAS apenas comprovou «factos circunstanciais relacionados com a gestão dos tempos das triagens e do atendimento de doentes», avançou o “Público”.

 

São questões que passam por «alteração de procedimentos, escalas de profissionais de saúde ou maior atenção ao doente» e que podem todas ser  «resolvidas pela via administrativa», «com ajustamentos» dos procedimentos.