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MSF pede mais envolvimento no combate à sida em Moçambique

27 de novembro de 2014

A organização Médico Sem Fronteiras (MSF) defendeu hoje a necessidade de envolver as comunidades no acompanhamento dos doentes com VIH em Moçambique, lamentando os bloqueios causados «pela dificuldade de aceitação de uma mudança de paradigma».

Em comunicado, a organização internacional considera que a oferta de tratamentos antirretrovirais apenas será «radicalmente remodelada», como pediu a ONUSIDA, com «abordagens voltadas para as comunidades que estejam adaptadas às realidades que vivem com VIH [vírus da imunodeficiência humana]».

Em vésperas da comemoração do Dia Mundial de Luta contra a Sida, a 1 de dezembro, a Médicos Sem Fronteiras refere que «abordagens comunitárias, que facilitam o acesso aos antirretrovirais e são menos custosas, constituem estratégias essenciais para manter mais pessoas em tratamento do VIH, o que contribui para reduzir a transmissão».

Desde 2008, a MSF e o ministério da Saúde estabeleceram na província de Tete um modelo comunitário de cuidados, que está a ser alargado a diferentes regiões de Moçambique.

No entanto, «os principais atores que poderiam contribuir para implementação dessas soluções não são promovidos, apoiados nem financiados ativamente», lamenta a MSF.

«Mais do que quaisquer outros tratamentos longos, VIH e tuberculose precisam de apoio psicossocial sustentável para acompanhar os pacientes no tratamento», afirmam os Médicos Sem Fronteiras.

Em Moçambique, há 501 conselheiros leigos a trabalhar nas unidades de saúde para apoiar diariamente os pacientes para que sejam aderentes e continuem no tratamento, mas «há necessidade de mais de 1.800 conselheiros no país até 2015 para aumentar o acesso ao tratamento» e falta ainda um enquadramento legal para estes profissionais, no quadro do Sistema Nacional de Saúde.

«Modelos comunitários sugerem comunidades fortes e totalmente engajadas de pessoas vivendo com VIH e organizações da sociedade civil. No entanto, continuamos a observar a redução dos financiamentos destinados a essas comunidades, enfraquecendo ainda mais o foco no paciente e o engajamento na luta contra o VIH. Esse é o elemento que falta na resposta atual», considera Amanda Banda, coordenadora de Advocacia de VIH da MSF para a região da África Austral.

A MSF pede aos governos que adaptem a sua resposta às «necessidades e demandas dos seus cidadãos afetados» e solicitam apoio e financiamento dos parceiros internacionais.

«Os modelos comunitários requerem flexibilidade dos sistemas de saúde e não há um modelo que se adapte a todos os sistemas. Pessoas vivendo com VIH deveriam ter a oportunidade de decidir como adaptar o seu tratamento diário às suas vidas, para que o sistema de saúde e a organização dos serviços os ajudem, ao invés de prejudicá-los», menciona ainda a nota da MSF, citada pela “Lusa”.

A organização internacional apoia o tratamento de VIH de 341.600 pessoas em 20 países. 71 por cento dos 35 milhões das pessoas seropositivas vivem na África subsaariana.