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Mulheres com cancro na mama “Her2” podem evitar quimioterapia

24 de fevereiro de 2017

Quatro em cada dez mulheres com cancro na mama “Her2” poderiam evitar a quimioterapia e realizar terapias biológicas se fossem submetidas a um simples teste genético.

O teste analisa 50 genes e determina se o perfil genético da paciente é mais adequado para um tratamento ou outro.

Esta é a conclusão do estudo “Pamela”, um ensaio clínico em que participaram 19 hospitais espanhóis e foi publicado hoje na revista “The Lancet Oncology”.

«Em quantidades normais, esta proteína tem um papel importante no crescimento e desenvolvimento de uma vasta categoria de células», mas um erro aleatório no gene pode levar ao desenvolvimento de cancro, citou a “Lusa”.

No estudo, liderado pelo grupo internacional de investigação clínica de cancro na mama SOLTI – participaram 151 mulheres com cancro na mama de 19 hospitais espanhóis.

O cancro da mama divide-se em três importantes grupos clínicos: dois do tipo ER, que expressam recetores de hormonas, e um terceiro que expressa recetores de “Her2”.

Os dois primeiros afetam 70% das mulheres e o terceiro (her2) cerca de 20% das doentes com cancro na mama.

O ensaio pretendia analisar se as pacientes com cancro da mama “Her2”, com um perfil genómico determinado (chamado Her2-enriquecido), respondiam bem ao tratamento biológico e poderiam evitar a quimioterapia.

O teste chamado PAM50 analisa simultaneamente a expressão de meia centena de genes do tumor, o que permite identificar «até quatro subgrupos de cancro da mama “Her2”: Luminal A, Luminal B, Basal-like e “Her2”-enriquecido», explicou Aleix Prat, chefe do Serviço de Oncologia Médica do Hospital Clínico de Barcelona.

O estudo demonstra que o fenótipo “Her2”-enriquecido, que representa 60% das pacientes, identifica as mulheres com mais possibilidade de êxito no tratamento sem quimioterapia.

Depois de serem submetidas ao teste, 151 doentes com cancro “Her2” recém-diagnosticadas receberam tratamento biológico baseado em dois fármacos, o lapatinib e trastuzumab, e depois foram operadas.

Dezoito semanas depois, o tumor tinha desaparecido por completo em 40% dos casos com um perfil genético Her2-enriquecido, em relação a 6% das pacientes com outros perfis.

«No estudo era obrigatório realizar uma biópsia duas semanas depois do tratamento e vimos que em 54% das pacientes com o perfil Her2-enriquecido não havia tumor ou só restavam algumas células tumorais», sublinhou Aleix Prat.