Nobel da Medicina para norte-americano e casal norueguês 06 de outubro de 2014 O norte-americano John O’Keefe e um casal de noruegueses, May-Britt e Edvard Mosel, foram hoje galardoados com o prémio Nobel da Medicina 2014, informou o comité Nobel. Os premiados foram recompensados pelas suas descobertas sobre as «células que constituem um sistema no cérebro de determinação da posição», uma espécie de GPS interno, segundo o júri. Este “GPS” (sistema de posicionamento global) no cérebro permite que nos orientemos num determinado espaço, mostrando a base celular de uma função cognitiva superior, adianta o júri do Nobel num comunicado, citado pela “Lusa”. O sistema permite responder a questões simples, tais como: «Como sabemos onde estamos? Como conseguimos encontrar o caminho entre um local e outro? Como guardamos esta informação de modo a pudermos encontrar rapidamente o caminho uma outra vez?». O norte-americano-britânico John O’Keefe descobriu em 1971 o primeiro componente deste “GPS”. Foi preciso esperar até 2005 para que May-Britt e Edvard Mosen identificassem um outro componente-chave do sistema, células nervosas que criam um sistema de coordenadas para determinar as posições. A recompensa de oito milhões de coroas suecas (cerca de 881.000 euros) será entregue em duas partes, metade para O’Keefe e metade para o casal Moser. Este foi o primeiro prémio a ser anunciado pela Academia Sueca no arranque da semana de divulgação dos Nobel de 2014, que decorre até 13 de outubro, com exceção do Nobel da Literatura, que será conhecido posteriormente, segundo o “Sol”. Segue-se na terça-feira o Nobel da Física, cujo anúncio será feito pelas 11:45 locais (10:45 em Lisboa) e na quarta-feira, à mesma hora, será a vez de o laureado com o Nobel da Química ser conhecido. Como é habitual, em Oslo, às 11:00 (10:00 em Lisboa) de sexta-feira (10 de outubro), será anunciado pelo presidente do Comité Nobel Norueguês, Thorbjørn Jagland, o prémio Nobel da Paz. O prémio Sveriges Riksbank de Ciências Económicas em Memória de Alfred Nobel será anunciado a 13 de outubro, às 13:00 (12:00 em Lisboa). «De acordo com a tradição, a Academia Sueca definirá a data para o anúncio do prémio Nobel da Literatura mais tarde. O prémio será anunciado por Peter Englund, secretário permanente da Academia Sueca», lê-se no site da instituição, que tradicionalmente anuncia o vencedor a uma quinta-feira. Também como de costume, todos os prémios serão entregues a 10 de dezembro, aniversário da morte do magnata sueco fundador do galardão, Alfred Nobel (1833-1896), químico e inventor da dinamite. Os prémios podem não ser entregues, o que já aconteceu em 49 vezes, mas desde 1974 não é possível conceder o prémio a título póstumo, a não ser que o nomeado morra no período entre a atribuição e a entrega. Em mais de um século de entrega de prémios foram distinguidas 22 organizações, 847 pessoas, incluindo 44 mulheres. Seis pessoas e organizações já repetiram prémios, atribuído três vezes ao Comité Internacional da Cruz Vermelha, mas apenas uma pessoa o conseguiu mais de uma vez sem o partilhar: o bioquímico norte-americano Linus Pauling, vencedor do da Química 1954) e da Paz (1962). Há também vários prémios na mesma família. Marie Curie venceu o prémio da Física em 1903 com o marido e com Henri Becquerel, e o da Química sozinha em 1911, enquanto a sua filha Irène Joliot-Curie conquistou em 1935 também o da Química juntamente com o seu marido, Fredéric Joliot. Duas pessoas recusaram voluntariamente o prémio: o escritor francês Jean Paul Sartre, o de Literatura, em 1964, e o político vietnamita Le Duc Tho, o da Paz, em 1973. Em quatro casos a recusa foi forçada por governos, sendo o caso mais conhecido o do escritor Boris Pasternak, que foi forçado pelas autoridades soviéticas, em 1958, a não aceitar o da Literatura. Os galardoados recebem um diploma, uma medalha de ouro e prémio monetário de cerca de 900 mil euros.
Nobel para pais do “GPS cerebral” é «incrível» – neurocientista português O especialista em neurociências Rui Costa considerou hoje «incrível» a atribuição do prémio Nobel da medicina aos investigadores que descobriram o “GPS cerebral”, destacando esta descoberta como das mais importantes até hoje no estudo da memória, avançou a “Lusa”. «É incrível, porque são descobertas muito importantes. A primeira foi feita nos anos 70», disse o responsável pelo programa de neurociências da Fundação Champalimaud. A descoberta, hoje reconhecida através do mais importante prémio da Medicina, «tem a ver com a forma como o espaço é representado no nosso cérebro e mostra que há células específicas que representam o espaço», explicou. «Esta é a área mais estudada, sobre sítios [no cérebro] muito importantes na memória e na perda de memória», destacou. Rui Costa manifestou-se particularmente satisfeito não apenas por os galardoados serem «excelentes cientistas», mas também porque os conhece e sabe que são «muito boas pessoas». |