Nobel da Química 2014 atribuído a dois norte-americanos e um alemão 08 de outubro de 2014 O Prémio Nobel da Química foi atribuído a Eric Betzig, do Instituto Howard Hughes (EUA), Stefan Hell, do Instituto Max Planck (Alemanha) e a William Moerner, da Universidade de Stanford (EUA), anunciou esta quarta-feira o comité do Nobel no Instituto Karolinska, em Estocolomo (Suécia). Os galardoados foram recompensados pelo «desenvolvimento da microscopia de super-resolução por fluorescência», declarou o comité Nobel. A microscopia ótica permite visualizar o diminuto mundo que nos rodeia sem causar grandes estragos nos objectos em estudo – ao contrário da microscopia eletrónica, que exige que as amostras a observar sejam submetidas a tratamentos que matam os tecidos vivos. Porém, durante muito tempo, pensou-se que os microscópios óticos nunca conseguiriam ter uma resolução maior do que metade do comprimento de onda da luz utilizada – um limite físico enunciado pelo físico alemão Ernst Abbe em 1873. Mas «graças a moléculas fluorescentes, os laureados do Nobel da Química de 2014 contornaram astutamente esta limitação», lê-se num comunicado da Real Academia Sueca de Ciências, citado pelo “Público”. E as suas «descobertas fundamentais» permitiram transformar a microscopia em nanoscopia. Duas técnicas foram agora recompensadas. Uma delas, desenvolvida em 2000 por Hell (cidadão alemão nascido em 1962 na Roménia), é a chamada microscopia STED (Stimulated Emission Depletion Microscopy). Utiliza dois lasers, um para estimular a fluorescência das moléculas que se pretende observar e o outro para “cancelar” toda a fluorescência exceto num volume de dimensões nanométricas, explica ainda o documento – o que permite obter imagens de muito alta resolução. A segunda técnica, desenvolvida separadamente por Betzig (nascido em 1960 nos EUA) e Moerner (nascido em 1953 nos EUA), é a «microscopia de molécula única», baseada na capacidade de ligar e desligar a fluorescência de moléculas individuais. Isso permite obter várias imagens fazendo brilhar apenas algumas moléculas de cada vez. A sobreposição dessas múltiplas imagens fornece então uma “super-imagem” de resolução nanométrica. A técnica foi utilizada pela primeira vez por Beltzig em 2006. Graças a estes avanços, «a microscopia, que era uma técnica biológica, passou a ser uma técnica química», disse Sven Lidin, presidente do Comité Nobel da Química, em entrevista desde Estocolmo (retransmitida em direto por webcast) a seguir ao anúncio dos premiados. «Estamos a falar de química ao nível de uma única molécula e em condições de vida reais». Tornou-se assim possível visualizar o percurso de uma dada molécula dentro de uma célula viva, para ver como se formam as ligações nervosas no cérebro ou seguir o rasto de proteínas envolvidas em doenças como a Parkinson ou a Alzheimer – ou ainda, acompanhar o percurso de tal ou tal molécula num embrião em desenvolvimento, salienta o comunicado do comité Nobel. Cada um dos laureados recebe um terço do prémio, de um montante global de oito milhões de coroas suecas (quase 900.000 euros). |