Nobel da Química distingue design computacional de proteínas 174

O Prémio Nobel da Química foi atribuído aos químicos David Baker, Demis Hassabis e John M. Jumper, “pelo design computacional de proteínas” e “pela previsão da estrutura de proteínas”, anunciou hoje a Real Academia Sueca de Ciências.

 

Uma proteína diferente

De acordo com o Comité do Prémio Nobel, que atribui os galardões, o premiado David Baker criou em 2023 a primeira proteína “totalmente diferente de todas as existentes”, algo descrito como “um desenvolvimento extraordinário”, refere a Lusa.

A proteína, Top7, criada pelo professor da Universidade de Washington, em Seattle (Estados Unidos), tem uma “estrutura única que não existia na natureza”, possuindo 93 aminoácidos (unidades formadoras de proteínas), sendo maior “do que qualquer outra produzida anteriormente”.

As proteínas são geralmente constituídas por 20 aminoácidos diferentes.

David Baker também lançou um código para o software de computador Rosetta, que tem sido desenvolvido pela comunidade de investigação, encontrando novas áreas de aplicação.

O grupo de investigação do cientista norte-americano produziu uma criação de proteínas, incluindo proteínas que podem ser usadas como produtos farmacêuticos, vacinas, nanomateriais e pequenos sensores.

 

Prever estruturas

A outra metade do prémio, “pela previsão da estrutura de proteínas”, foi entregue a Demis Hassabis e John M. Jumper em conjunto.

Os galardoados Demis Hassabis e John M. Jumper utilizaram a Inteligência Artificial (IA) para prever a estrutura de quase todas as proteínas conhecidas.

Em 2020, os cientistas agora premiados apresentaram um modelo de IA intitulado AlphaFold2.

Com o AlphaFold2, o britânico Demis Hassabis e o norte-americano John M. Jumper conseguiram prever a estrutura de praticamente todas as 200 milhões de proteínas já identificadas.

Desde a sua apresentação, este modelo de IA já foi usado por mais de dois milhões de pessoas de 190 países.

Os investigadores podem agora entender melhor a resistência a antibióticos e criar imagens de enzimas que podem decompor o plástico.

“Uma das descobertas reconhecidas este ano diz respeito à construção de proteínas espetaculares. A outra tem que ver com a realização de um sonho com 50 anos: prever as estruturas das proteínas a partir das suas sequências de aminoácidos. Ambas as descobertas abrem vastas possibilidades”, acrescentou o presidente do Comité Nobel da Química, Heiner Linke.

Este é o terceiro dos Nobel a ser anunciado, depois dos da Física e da Fisiologia ou Medicina, seguindo-se nos próximos dias os galardões relativos à Literatura e Paz.

Em 2023, o prémio foi atribuído aos cientistas Moungi Bawendi, Louis Brus e Alexei Ekimov, pela descoberta de pontos quânticos, fundamentais para a nanotecnologia pela descoberta e síntese de pontos quânticos.

Os prémios Nobel, criados em 1895 pelo químico, engenheiro e industrial sueco Alfred Nobel (inventor da dinamite), foram atribuídos pela primeira vez em 1901.

O equiparado Prémio das Ciências Económicas ou Economia, criado em homenagem a Alfred Nobel e atribuído desde 1969, é anunciado na segunda-feira.