Nobel da Química distingue três cientistas que mapearam reparação de ADN 587

Nobel da Química distingue três cientistas que mapearam reparação de ADN 

08 de Outubro de 2015

A Real Academia Sueca das Ciências distinguiu ontem com o Prémio Nobel da Química os investigadores Thomas Lindalh, Paul Modrich e Aziz Sancar pelos estudos dos mecanismos que permitem a reparação de ADN.

 

Lindalh, sueco de 77 anos, está ligado do Instituto Francis Crick e ao Laboratório Clare Hall, ambos no Reino Unido, Modrich, norte-americano de 69 anos, à Escola de Medicina da Universidade de Duke (EUA), e Sancar, turco, também de 69 anos, da Universidade da Carolina do Norte (EUA).

 

Os três investigadores, segundo o Comité Nobel, conseguiram, através de uma espécie de «caixa de ferramentas de reparação de ADN», mapear, a nível molecular, a forma como reparar as células danificadas, permitindo também salvaguardar a informação genética.

 

«O trabalho desenvolvido (pelos três investigadores) forneceu conhecimento fundamental sobre como funciona uma célula viva e pode ser usada, por exemplo, no desenvolvimento de novas terapias contra o cancro», justifica o Comité Nobel, em comunicado.

 

Segundo o documento, o ADN é, diariamente, danificado pelas radiações ultravioleta, por radicais livres (quando a molécula “atacada” perde o seu eletrão, torna-se um radical livre em si, iniciando uma reação em cadeia) ou por outros agentes cancerígenos.

 

«No entanto, mesmo sem esses ataques externos, a molécula de ADN é intrinsecamente instável», lê-se no comunicado, salientando que, diariamente, ocorrem milhares de alterações espontâneas num genoma celular.

 

Paralelamente, também podem surgir alterações quando o ADN é copiado durante a divisão de uma célula, processo que acontece vários milhões de vezes por dia no corpo humano.

 

«A razão pela qual o nosso material genético não se desintegra num completo caos químico passa pelo facto de um conjunto de sistemas moleculares monitoriza e repara continuamente o ADN. O Prémio Nobel da Química de 2015 premeia estes três cientistas pioneiros que mapearam a forma como funcionam muitos destes sistemas de reparação a um nível molecular bastante pormenorizado», lê-se no comunicado, citado pela “Lusa”.

 

O documento lembra que, no início da década de 1970, os cientistas acreditavam que o ADN era uma molécula extremamente estável.

Tomas Lindahl, porém, demonstrou que o ADN se deteriora de tal forma que devia tornar impossível o desenvolvimento de vida na terra, perspetiva que levou Lindahl a descobrir uma espécie de “maquinaria molecular” que contraria constantemente o colapso do ADN.

 

Aziz Sancar, por seu lado, mapeou a reparação da excisão nucleótideo, o mecanismo que as células utilizam para reparar os estragos provocados pelos raios ultravioleta no ADN.

 

As pessoas que nascem com esta deficiência poderão desenvolver com maior probabilidade o cancro da pele na sequência de uma exposição ao sol. A célula também recorre à reparação da excisão nucleótideo para corrigir os defeitos causados por substâncias mutagénicas.

 

Por sua vez, Paul Modrich demonstrou como a célula corrige erros que ocorrem quando o ADN é replicado durante a divisão de uma célula.

 

Este mecanismo reduz a frequência do erro durante a replicação do ADN mais de mil vezes.

 

Os defeitos congénitos da falta de uma reparação das células podem provocar frequentemente uma variante hereditária do cancro do cólon.

 

Existente desde 1901, o Nobel da Química de 2015 foi o 21.º prémio a distinguir três investigadores, laureando por 23 vezes dois e 63 vezes um, para um total de 172 laureados.

 

Dos 172 laureados com o Nobel da Química, apenas quatro são mulheres: Marie Curie (1911, que também ganhou o Nobel da Física em 1903), Irène Joliot-Curie (1935, filha de Marie Curie), Dorothy Crowfoot Hodgkin (1964) e Ada Yonath (2009).