O Grupo de Ativistas em Tratamentos (GAT) considerou que notícias sobre o disparo de casos de infeções sexualmente transmissíveis (IST) são “preocupantes, ineficazes e contraproducentes”.
São notícias que levam a um “alarmismo social” que é “contra os melhores princípios de defesa e promoção da saúde pública”, diz o grupo em comunicado.
As IST, como gonorreia, clamídia e sífilis dispararam em Portugal, e na Europa, afetando sobretudo jovens dos 20 aos 24 anos, segundo os últimos relatórios epidemiológicos anuais do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças, divulgados esta semana.
No comunicado divulgado hoje, além de considerar que o conhecimento epidemiológico atual “não permite garantir que há de facto um aumento da incidência das IST, ainda que seja possível”, o GAT repudia também a posição da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (em declarações na imprensa), que defende o fim do anonimato dos diagnosticados com uma IST.
“O que sabemos é que houve um aumento do número de notificações, o que é positivo numa área onde a subnotificação tem sido um dado adquirido e contrário à definição de políticas de prevenção”, diz o GAT, uma estrutura criada em 2001 de adesão individual e de cooperação entre pessoas de diferentes comunidades e de diferentes organizações, afetadas pelo VIH, infeções sexualmente transmissíveis, hepatites virais e tuberculose.
“Não sabemos o impacto da maior oferta, ainda insuficiente, e da procura crescente de rastreios para a identificação e tratamento de infeções assintomáticas que se estimam ser 50% nos homens e 70% nas mulheres”, e precisamos é de “boa investigação e boa saúde pública, não precisamos de histeria”, diz, citando o mote dos ativistas da Sida em 1983.
O grupo defende, e pratica, a importância do apoio às pessoas com IST, com informação e oferta de tratamento, um situação que tem de ser voluntária e que pode ser feita anonimamente ou não.
Aliás, acrescenta-se no comunicado, desde 2012 que o GAT desenvolveu um sistema de notificação anónima. Reverter a prática da “anonimização” será entendido como “um retrocesso do mecanismo público de consentimento para contacto dos serviços de saúde pública, no âmbito da vida sexual, com as pessoas diagnosticadas com IST”.
“Entendemos que esta reversão comunica o policiamento da vida sexual alheia, é dissuasor de rastreio e irá promover a subnotificação das IST”, alerta o GAT.
Ao contrário, defende, a saúde pública pode contribuir para reduzir as IST com sistemas de notificação anónima dos parceiros sexuais, aumentando a rede de distribuição gratuita de preservativos, e aumentando o modelo de consulta aberta para diagnóstico e tratamento de IST.