Nova fábrica de medicamentos e soros vai instalar-se em Angola 1984

Nova fábrica de medicamentos e soros vai instalar-se em Angola

06 de Outubro de 2016

Um grupo privado vai instalar em Angola uma fábrica de medicamentos, soros e materiais gastáveis, avançando o Governo angolano com a aquisição de material do género no valor de 44 milhões de euros, segundo autorização presidencial.

A informação consta de um despacho de final de setembro, assinado pelo Presidente José Eduardo dos Santos e ao qual a “Lusa” teve acesso, aprovando o projeto de implementação da fábrica e autorizando o ministro da Saúde a celebrar um contrato com a empresa Labopharma Helthcare SL, no âmbito do mesmo negócio.

O documento recorda que o Ministério da Saúde firmou um acordo com o grupo Suninvest para fornecimento de medicamentos, soros e materiais gastáveis «como contrapartida para amortização de investimentos necessários para o relançamento» da produção desse tipo de produtos em Angola.

Reconhece ainda a necessidade de «desenvolver uma indústria farmacêutica angolana, apta para aumentar a disponibilidade de medicamentos à população, reduzir o peso das importações e aumentar as receitas do Estado», no âmbito da diversificação da economia nacional.

Com este despacho, é ainda orientado o Ministério das Finanças a proceder ao enquadramento deste projeto nas linhas de crédito disponíveis.

A “Lusa” noticiou a 2 de junho que o Governo angolano aprovou a privatização da farmacêutica estatal Angomédica, por ajuste direto, ao favor do grupo Suninvest, alegando a necessidade de «expandir a participação do setor privado» no sistema de saúde pública em Angola.

A decisão consta de um decreto executivo conjunto dos ministérios da Economia e da Saúde que recorda que aquele grupo privado assumiu em 2004 a gestão da empresa pública Angomédica, que retomou a laboração em Luanda cerca de cinco anos depois.

A decisão de privatizar a Angomédica a 100%, por “ajuste direto”, à Suninvest – Investimentos, Participações e Empreendimentos, é justificada neste decreto pela «notória capacidade financeira, técnica e know-how daquele grupo «para dar continuidade às ações previstas no contrato de reabilitação e gestão» daqueles laboratórios, até agora detidos pelo Estado angolano.

Não foram adiantados valores envolvidos neste negócio.

Dados do Ministério da Saúde indicam que o Estado angolano gasta mais de 60 milhões de dólares (53,5 milhões de euros) por ano só na aquisição de medicamentos.

Em 2013, aquando da inauguração da fábrica da Angomédica em Luanda, a diretora executiva daqueles laboratórios, Susana Maria, disse que a unidade teria capacidade para produzir 20 milhões de comprimidos, de vários tipos, por mês.

Susana Maria referiu então que o projeto para a nova Angomédica tinha três fases e a primeira contemplou a unidade fabril de Luanda, com um investimento de 17 milhões de dólares (15,1 milhões de euros), seguindo-se a produção de soros numa segunda fábrica – com a meta de 40 milhões de unidades por ano – e a construção do Polo Industrial Farmacêutico de Benguela.