Nova vacina pode reduzir mortes por diarreias em África
23 de março de 2017 Uma nova vacina contra rotavírus, vírus que causa diarreias e gastroenterites, pode ser mais eficaz e mais barata, reduzindo substancialmente as doenças nos países em desenvolvimento, segundo um estudo divulgado ontem. A nova vacina pode ser 67% mais eficaz na prevenção de gastroenterites severas causadas pelo vírus, segundo os investigadores da Universidade de Harvard, Estados Unidos, e da associação Epicentre, de Paris (criada pela organização Médicos Sem Fronteiras e centrada na pesquisa e formação), avançou a “Lusa”. O rotavírus é responsável por cerca de 37% das mortes por diarreia em crianças com menos de cinco anos, um total de cerca de 450.000 crianças por ano, especialmente na África subsaariana. É a principal causa de diarreia aguda ou gastroenterite grave em crianças e as medidas de higiene não impedem a transmissão, pelo que a vacinação é importante. Em países onde a taxa de rotavírus é elevada e o acesso a cuidados de saúde é baixo, as vacinas têm de ser baratas e fáceis de armazenar, sendo por exemplo estáveis com altas temperaturas, dizem os autores do trabalho. Atualmente existem duas vacinas contra o rotavírus mas são caras e têm de estar em locais refrigerados durante toda a cadeia de abastecimento, o que nem sempre é possível em países como o Níger, onde a eletricidade e a capacidade de refrigeração nem sempre “são fiáveis”, segundo os responsáveis, que salientam que a nova vacina é estável com o calor. Por isso, a nova aposta é uma vacina adaptada a África, o continente onde é mais precisa, disse um dos responsáveis pelo estudo, Sheila Isanaka, professora assistente em Harvard, que defendeu: Quando a vacina estiver amplamente disponível em África ajudará a proteger milhões de crianças vulneráveis. No ensaio, os pesquisadores fizeram um estudo no Níger para avaliar a eficácia da vacina de baixo custo e estável no calor, tendo sido recrutadas mais de 3.500 crianças que receberam três doses de vacina ou placebo. A vacina foi licenciada na India mas a aprovação, conhecida como pré-qualificação, pela Organização Mundial de Saúde é necessária antes que possa ser comprada pelas Nações Unidas e agências governamentais. «Após o sucesso do ensaio clínico da vacina esperamos que ela possa ser disponibilizada em breve para as crianças do Níger e de toda a África», disse Isanaka. O estudo é publicado hoje no “New England Journal of Medicine”. |