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Novo medicamento destrói bactérias resistentes

07 de nocembro de 2014

Um novo medicamento, apresentado como a primeira alternativa em muitos anos para combater as bactérias que se tornaram resistentes aos antibióticos, como a temível staphylococcus aureus, foi anunciado em Londres, na quarta-feira.

Esta poderá ser a resposta há muito procurada para debelar o crescente problema das bactérias resistentes aos antibióticos que, segundo a OMS, é uma grave ameaça à saúde humana para o século XXI. Portugal é o segundo país europeu, depois da Roménia, com maior prevalência desta bactéria resistente.

O fármaco, que tem uma abordagem diferente da dos antibióticos e usa um tipo de enzimas chamadas endolisinas para destruir as bactérias, mostrou ser capaz de curar cinco em seis doentes com infeções cutâneas causadas por staphylococcus aureus resistentes e não resistentes (aos antibióticos), durante os primeiros ensaios clínicos, que decorreram na Holanda.

Os dados foram anunciados na conferência Antibiotic Alternatives for the New Millennium, pela Micreos, a empresa holandesa de biotecnologia que desenvolveu o fármaco. Bjorn Herpers, que coordenou a equipa de investigação na empresa, classificou os resultados dos primeiros ensaios clínicos como «excitantes» e «demonstrativos do potencial desta tecnologia para revolucionar» o tratamento de infeções bacterianas.

«Com a crescente prevalência de bactérias multirresistentes aos antibióticos são necessárias novas estratégias para o tratamento de infeções bacterianas», afirmou Bjorn Herpers, explicando que as enzimas desta nova abordagem «são menos suscetíveis de induzir resistência e só atacam as bactérias-alvo, e não as que são benéficas [para o organismo]».

«É uma boa notícia», comentou ao “DN” Maria Miragaia, investigadora do Instituto de Tecnologia Química e Biológica (ITQB), da Universidade Nova de Lisboa, que trabalha na área da resistência aos antibióticos, justamente em staphylococcus aureus.

«Qualquer alternativa aos antibióticos é bem-vinda, porque o problema da resistência bacteriana é cada vez maior», diz a cientista, sublinhando que «estamos quase numa fase pré-antibibiótica, como quando se morria de uma simples infeção numa perna», tal é a extensão do problema.