Novo tipo de ferro desenvolvido por portuguesa pode revolucionar combate à anemia
2 de julho de 2014
Um novo tipo de ferro nanoparticulado, desenvolvido no laboratório da investigadora portuguesa Dora Pereira, em Cambridge, foi premiado pela Sociedade Real de Química britânica, pelo potencial de revolucionar o combate à anemia.
O novo composto, desenvolvido no laboratório da portuguesa, líder de equipa no Conselho de Pesquisa Médica (Medical Research Council), pretende ser mais eficaz e ter menos efeitos secundários do que os suplementos de ferro atualmente usados no combate à anemia.
«Atualmente, as terapias são baseadas em ferro solúvel, que não é completamente absorvido e tem efeitos secundários gastrointestinais, causa mudanças na flora intestinal ou provoca reações redox no intestino, que podem dar origem a inflamação e lesões cancerígenas», disse Dora Pereira à agência “Lusa”.
O laboratório da portuguesa, que estuda a forma como o ferro é absorvido pelo sistema humano, desenvolveu um mimético do ferro que se encontra naturalmente nos alimentos e no sistema digestivo e que, por meio de endocitose, as células dissolvem e, depois, libertam gradualmente na corrente sanguínea.
«É mais seguro e evita os efeitos secundários dos outros suplementos de ferro disponíveis no mercado», garante.
Os resultados dos primeiros estudos pré-clínicos e humanos foram publicados na segunda-feira, na revista “Nanomedicine”, poucos dias depois da atribuição do primeiro prémio da Royal Society of Chemistry, anunciada no dia 25 de junho.
«O objetivo do prémio é trazer avanços das ciências químicas com potencial impacto para a economia britânica, para uma realidade comercial”, disse a cientista, que espera saber, na próxima semana, se haverão farmacêuticas interessadas em desenvolver um produto para venda ao público.
«Temos a informação de que, pelo menos uma, está interessada», adiantou Dora Pereira, salientando que serão necessários mais ensaios clínicos em humanos.
Além da vitória na competição, onde os autores tinham de apresentar a ideia perante um júri em cinco minutos, a cientista saúda a mudança de mentalidade em relação a uma doença que afeta milhões de pessoas, muitas das quais mulheres grávidas.
«A anemia não é vista como um problema de saúde pública, mas é a causa de maior número de pedidos de baixa do trabalho. Finalmente a Indústria percebeu a importância deste problema», congratulou-se.