Novos anticoagulantes vão ser comparticipados a 1 de agosto
15 de julho de 2014
O Estado português comparticipa, a 1 de agosto, novos anticoagulantes orais. Até agora os doentes com fibrilhação auricular, um tipo de arritmia cardíaca com risco elevado de AVC, tinham que pagar por inteiro estes medicamentos inovadores, revelou a Fundação Portuguesa de Cardiologia.
A fibrilhação auricular é a perturbação do ritmo cardíaco crónica mais frequente e ocorre, sobretudo, em pessoas mais idosas. Esta arritmia faz com que se formem pequenos trombos que entram na circulação periférica e “viajam para o cérebro” provocando acidentes vasculares cerebrais (AVC). Estima-se que aproximadamente 6 milhões de pessoas na Europa sofram de fibrilhação auricular e é causa de 1/5 dos acidentes vasculares cerebrais (AVC), a principal causa de morte em Portugal.
A comparticipação destes medicamentos vem revolucionar a saúde pública em Portugal por diversas vias: os doentes tinham apenas acesso à comparticipação de um outro medicamento mais antigo, cuja substância é denominada varfarina. Esta última tinha uma ação farmacológica já ultrapassada, com muitas interações com a alimentação e outros medicamentos e sujeita a variações do metabolismo. Os tratamentos com varfarina implicam monitorização constante dos doentes, através de análises clínicas, facto que obriga a constantes consultas médicas, deslocações e gastos excessivos decorrentes desta rotina de vigilância contínua.
Manuel Carrageta, presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia congratula-se pelo acesso que o Estado veio permitir a estes medicamentos inovadores, o que acaba por ter ganhos significativos para o Serviço Nacional de Saúde, uma vez que se reduz o número de consultas de doentes com fibrilhação auricular e o número de análises. «Para o doente, é também uma clara mais-valia, sobretudo porque não interferem com outros medicamentos dado que grande parte destes doentes tem várias patologias associadas por serem pessoas já com uma certa idade».