A Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou ontem o relatório feito em parceria com a Comissão Regional para a Verificação da Eliminação do Sarampo e da Rubéola (RVC), com recurso aos dados de 2018, e este indica que a Europa está a “perder terreno nos esforços pela eliminação do sarampo”. Aliás, o estudo avança que se espera um cenário ainda pior em 2019 tendo em conta que só na primeira metade deste ano já foram reportados cerca de 90.000 casos de sarampo nos 53 países que integram a região europeia da OMS. Mais do que o total registado em 2018 durante todo o ano (84.462).
A nível mundial, na primeira metade do ano já foram registados cerca de 364.000 casos de sarampo em todas as regiões da OMS, é o “valor mundial mais elevado [para o período homólogo] desde 2006”.
Em Portugal, no primeiro semestre deste ano contaram-se 10 casos. Em 2018 foram 171. Portugal mantém o estatuto de eliminação do sarampo desde 2015, e apesar dos surtos pontuais desde 2000 que o número de novos casos é residual.
Dos 53 países analisados, há 35 que mantêm ou conquistaram o estatuto de eliminação do sarampo. Há ainda 12 países onde a doença é endémica. Já a Bélgica e o Cazaquistão interromperam a transmissão do sarampo há mais de 12 e 24 meses, respectivamente. Reino Unido, Grécia, Albânia e República Checa perderam o seu estatuto.
Desde que RVC da OMS começou a trabalhar na Europa em 2012, esta é a primeira vez que um país perde o estatuto de eliminação do sarampo. Esta perda do estatuto significa que em 2018, estes países não foram capazes de controlar a tempo o surgimento de novos surtos de sarampo.
“A reemergência da transmissão do sarampo (em 2018) é preocupante. Se a alta cobertura vacinal não for alcançada e mantida em todas as comunidades, tanto as crianças como os adultos sofrerão de forma desnecessária e, tragicamente, alguns morrerão”, alerta em comunicado a RVC.
A avaliação da comissão de verificação da OMS é composta por um painel independente de especialistas que se reúne anualmente para avaliar o estatuto de eliminação do sarampo na Europa, e tem em conta relatórios relativos a 2018 submetidos por cada país. A comissão avalia os “dados de vigilância do sarampo, cobertura vacinal, resposta a surtos e o alcance de campanhas suplementares de imunização e outras actividades”.