Na passada sexta-feira, a ANF iniciou as comemorações dos seus 40 anos com uma conferência em que foram oradores o Sr. Prof. Dr. Guilherme d’Oliveira Martins, o Sr. D. António Francisco, Bispo da Diocese do Porto, o Sheik David Munir, Imã da Mesquita de Lisboa, para além do Sr. Ministro da Saúde. O tema – “40 anos Farmácia e Cultura”- era aliciante e foi magistralmente abordado pelos palestrantes. Quem assistiu (o auditório estava repleto), desde logo se rendeu à eloquência dos oradores e ao tema, que sendo muito nosso, nos transportou a cada um para o seu imaginário profissional, permitindo aqui e ali rever-se em situações relatadas. E todos os oradores enalteceram esta cultura única de estreitar e fortalecer laços de confiança, entre o farmacêutico, sempre próximo e acessível, e a sua comunidade e cada um dos seus elementos, e a sua missão de “ajudar a salvar vidas” como um desígnio maior, tal como proferiu o Sr. Prof. Oliveira Martins. É reconfortante sentir que o nosso desempenho foi e é assim reconhecido, e temos motivos para nos sentirmos orgulhosos. No entanto, este reconhecimento obriga-nos a ser cada vez melhores farmacêuticos, mais exigentes em relação à nossa intervenção farmacêutica, fazendo sistematicamente uma abordagem crítica e proativa em todas as situações que requerem o nosso contributo enquanto profissionais de saúde. A forma como nos empenhamos e “olhamos” quem nos procura, seja por que motivo for, pode fazer toda a diferença em “ajudar a salvar vidas”. Temos hoje nas nossas farmácias os Serviços Farmacêuticos Diferenciados, devidamente regulamentados, e refiro-me em concreto aos que por inerência têm de ser prestados por farmacêuticos. São ferramentas absolutamente indispensáveis nos dias de hoje, em que temos de saber dar respostas e apontar soluções seguras a quem nos procura e confia em nós, e também para que os nossos parceiros na estrutura da saúde sintam que o nosso contributo vai muito para além da mera dispensa de medicamentos e do aconselhamento da sua boa utilização. O nosso contributo tem de ser o de “ajudar a salvar vidas”, sempre. Faz toda a diferença um utente perceber e sentir que na sua farmácia a abordagem ao seu estado de saúde passa por identificar as suas debilidades físicas e psíquicas, atuando naquelas em que lhe é permitido legalmente, como é o caso de – uma espirometria oportunamente executada porque se evidenciaram sintomas – uma consulta farmacêutica porque se percebeu que aquela pessoa não está a fazer a toma correta da sua medicação e não tem ganhos em saúde,- a revisão da terapêutica e a sua adequação à patologia existente, a P.I.M. (preparação individualizada da medicação), porque o utente evidencia dificuldades em gerir a sua medicação, etc. Esta atuação proativa e interventiva é aos dias de hoje a forma correta de reforçar os laços de confiança junto da comunidade, e simultaneamente prestar um verdadeiro serviço de saúde, ou se quisermos, de “ajudar a salvar vidas”. E como quando se faz bem, recebemos o bem que fazemos de volta, o retorno que recebemos é inquestionável a todos os níveis, quer em termos pessoais e profissionais, quer em termos de fidelização da nossa comunidade. Helena Amado, farmacêutica |