Estou firmemente convicto, decidido, imune a protestos e vacuidades, e porque não, com vontade de clamar aqui da nossa razão.
Os farmacêuticos não são, e nunca foram, meros dispensadores de medicamentos, nem estão condenados a uma vida profissional sem perspetivas alargadas. São, por mérito e por direito, profissionais de saúde, que centram a sua atividade nos cidadãos, que asseguram e acompanham as pessoas no uso efetivo dos medicamentos.
O lugar do farmacêutico não é seguramente na “caverna onde os velhos do restelo” onde as lamentações e as angústias limitam e condicionam as aspirações e a ambição de cada um e da afirmação do lugar dos farmacêuticos e da Ordem dos Farmacêuticos.
Ainda, fazendo a alegoria dos Lusíadas “que histórias, que triunfos, que vitórias”, para os farmacêuticos, nos deixaram os “velhos do restelo”, o “sistema”, “os mesmos”? Um vazio, uma sensação de insatisfação e muitas vezes de injustiça na classe! Velhos do restelo que persistem em clamar que se mantenha o mesmo caminho e que se lhes sigam os passos. Que caminho? O caminho que aqui nos fez chegar?
Quem nos trouxe até aqui, não tem capacidade de daqui nos tirar!
Salvaguardando as merecidas exceções, estamos numa situação onde os jovens farmacêuticos não conseguem viver com os salários que se lhes pagam, onde mais não somos que meros dispensadores de medicamentos, onde o reconhecimento das carreiras hospitalares fica encravado por pormenores legais e deixa de fora colegas injustamente e em situações indignas, onde os diretores técnicos dos serviços farmacêuticos são substituídos por outros quaisquer profissionais de saúde, onde não encontramos farmacêuticos em órgãos de gestão e cargos políticos…
É altura de ultrapassar o Adamastor que nos assusta e avançar. Acreditar que é possível mudar o modo de ver a profissão, e criar novos caminhos, mais clínicos, mais comprometidos com a pessoa. O Adamastor não será suficiente para impedir uma nova forma de olhar a profissão, esta nova maneira de viver a profissão. Não apenas nos lugares habituais e da forma habitual, mas sim aproveitando todas as saídas que possam dignificar o farmacêutico e a sua atividade: nos centros de saúde, ARS, ACES, nas ERPI, em casa, onde formos necessários, onde estiver o medicamento, em equipa ou individualmente.
Mudar os horizontes da profissão, tornando-nos indispensáveis.
Prosseguir outras saídas profissionais se necessário que nos esperam com igual dignidade e capacidade: na inovação, na investigação e desenvolvimento, nos laboratórios de análises bromatológicas e de águas, na toxicologia e nas ciências forenses, na gestão em Saúde.
Não nos esqueçamos, que a OF e os farmacêuticos têm uma história longa de contendas, com alguns malogros, mas muitos sucessos. Sucessos, vitórias que devemos recordar e nos devem projetar.
Hoje, os farmacêuticos sabem que podem contar com uma equipa de profissionais que, no leme desta grande e gloriosa luta, vai à descoberta de um novo mundo para os farmacêuticos. A equipa que se candidata à OF pela lista B.
Os ventos estão favoráveis à mudança. Temos homens e mulheres que conhecem o caminho, as necessidades, os direitos e aspirações da classe. E, que para além do seu largo conhecimento e experiência têm a determinação e a energia necessária para romper com o passado.
Queremos e vamos ultrapassar o “adamastor” tão badalado pelos “velhos do Restelo” e honrar a milenar carreira que a Ordem dos Farmacêuticos representa.
Candidato-me para dar voz a uma nova forma de encarar a profissão farmacêutica e para fomentar a união, numa liderança experiente, com provas dadas e confiável, com a convicção de que o caminho traçado conduzirá à dignificação e valorização dos farmacêuticos e da sua atividade enquanto profissionais de saúde comprometidos com as pessoas e com os doentes.
Apresentamos no nosso programa, um conjunto alargado de medidas, disponíveis para consulta em https://www.franklim-marques.pt/programa/ que resultaram de uma análise e discussão intensas sobre temáticas de mudança conceptual da intervenção do farmacêutico como profissional de saúde, e que eu próprio defendo há́ alguns anos. Estas medidas debruçam-se sobre 3 áreas programáticas fundamentais para as quais deixo abaixo em linhas gerais, as nossas propostas:
Para o farmacêutico que deve assumir uma vertente de atuação mais clínica, mais assistencial e prestar um maior de serviços farmacêuticos, nomeadamente impulsionando a consulta farmacêutica, o acompanhamento farmacoterapêutico PIM, a renovação da prescrição, entre outras. Deve fazer parte, cada vez mais, de equipas multidisciplinares, ter acesso aos dados dos seus doentes e também uma maior corresponsabilização pelos mesmos, e onde a sua autonomia e capacidade de decisão deva constituir o alicerce da sua atividade em favor da pessoa.
Ao nível do exercício farmacêutico relevo como a mais importante das nossas missões a valorização do farmacêutico como profissional de saúde. Iremos lutar pela crescente valorização da classe aos mais variados níveis, partindo desde logo pelo reconhecimento das suas competências, da sua prática profissional e não sendo, nem nos sobrepondo com às funções do sindicato, pugnaremos pela dignificação da nossa classe que sem condições remuneratórias adequadas apenas sai desvalorizada.
Ao nível da instituição – Ordem dos Farmacêuticos – há uma necessidade crescente de assumir a sensação de pertença de todos os seus associados e a consciência de que a OF é a entidade integradora do Farmacêutico e das suas valências. Dos mais jovens aos mais seniores. E temos esse grande objetivo para este triénio. Por outro lado, iremos promover e garantir que a OF e os farmacêuticos em si, aumentam significativamente a respeitabilidade política e passem a participar de forma ativa e imperiosa na elaboração, nomeadamente, de legislação no âmbito da saúde.
Para Devolver ao farmacêutico o seu lugar.
Franklim Marques
Candidato a Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos – Lista B