Com representação de vários órgãos, incluindo a FIP, a Ordem dos Psicólogos e a Ordem dos Médicos, discutiram-se, ontem, na Madeira, os desafios que os farmacêuticos ainda enfrentam, enalteceu-se a sua luta no combate à pandemia e deixaram-se diversas pistas para o futuro desta profissão.
A Ordem dos Farmacêuticos, responsável pela organização da Conferência Regional da Madeira, realizada no âmbito das comemorações do Dia ido Farmacêutico, juntou a Ordem dos Médicos, dos Psicólogos e a FIP para debater “O contributo dos farmacêuticos na recuperação e futuro do sistema de saúde”.
Pelas 21h, a sessão com transmissão via zoom, abriu com Tiago Magro, Presidente da Delegação Regional da Madeira da Ordem dos Farmacêuticos, que, entre saudações, deixou uma breve nota introdutória sobre como a covid-19 veio colocar todo o sistema à prova, antes de passar a palavra a Pedro Ramos. Na impossibilidade de estar presente, foi transmitido um vídeo no qual o Secretário Regional da Saúde e Proteção Civil realçou a “análise positiva” no combate à pandemia, bem como o papel dos farmacêuticos nesta luta.
Como esta sessão foi pensada para o futuro, Pedro Ramos adiantou ainda que o “foco da Madeira estará em três S’s: saudável, segura e sustentável”. Para tal, “o sistema regional precisa de todos os profissionais de saúde”, admite. Depois desta mensagem bastante aclamada, a tela foi ocupada por Lars-Ake, que atualmente assume a vice-presidência da FIP. Acompanhado de uma pequena apresentação, o especialista sueco começou por fazer uma breve reflexão sobre doenças crónicas – que considerou tratarem-se de “uma pandemia silenciosa” -, e em como os farmacêuticos são absolutamente necessários nesta luta. Quer em doenças cardiovasculares, diabetes, asma ou cancro, Lars-Ake apresentou diversas provas de como estes profissionais conseguem fazer toda a diferença.
O vice-presidente da FIP trouxe também para o debate um dos temas que se tornou central na sessão: o uso da tecnologia e a digitalização da saúde. Foi este um dos principais motes da mesa redonda que depois se seguiu. Moderada por Tiago Magro, nesta parte da noite, tomou a palavra Herberto Jesus, diretor regional da Saúde, que apesar de ver a tecnologia de ponta como uma ferramenta vantajosa, deixou claro que pode trazer alguns problemas. “A inteligência artificial não se vai estender de uma forma assim tão global”, afirmou, explicando que o melhor cenário para as farmácias seria a sua aplicação “adequada à região e ao cidadão”.
Segundo o farmacêutico, a pandemia veio também realçar vários aspetos em que estes profissionais foram – e continuarão a ser – essenciais. Coube-lhes “a proximidade com o cidadão, a garantia de qualidade e fomentar a educação”, esclarece e, por isso, deixou a ideia de que, no futuro, ficará bem marcado o seu papel como “sentinelas do sistema de saúde”.
Por seu lado, Martinha Garcia, farmacêutica hospitalar, aproveitou para realçar outras portas que a pandemia abriu. Segundo a especialista, além de se ter afastado o medo de recorrer a tecnologia, um dos hábitos mais importantes que se começou a estabelecer foi a possibilidade de haver cuidados de saúde com as pessoas em casa. “O futuro passará por profissionais a deixaram os seus pontos de conforto e a ir ao encontro dos cidadãos”, garantiu.
Nesta mesma linha de pensamento, Rita da Graça Ferreira Vieira, vogal do Conselho Medico da Região Autónoma da Madeira da Ordem dos Médicos, explicou que estes cuidados domiciliários serão úteis “para aliviar a área hospitalar”, concordando que os hospitais deverão ser a última porta de entrada dos utentes. Não pôde, no entanto, deixar de destacar o papel dos farmacêuticos para que este cenário se concretize.
A noite não se deu por terminada até se ouvir Adelino Quintal que, em representação da Ordem dos Psicólogos, dedicou a sua intervenção à saúde mental e ao impacto que a covid teve nela, bem como à importância cada vez mais crescente de “uma intervenção integrada dos cuidados de saúde”. “Nesta área de saúde mental, o farmacêutico tem um papel fundamental pela vertente geográfica”, esclarece, realçando que apesar das mudanças necessárias para garantir melhores cuidados, há critérios de intervenção que devem ser mantidos. “É preciso preservar a proximidade com o cidadão”, remata.