A realidade já ultrapassou a ficção e o Espaço pode mesmo vir a ser o maior e mais extraordinário laboratório do mundo. Com esta ideia disruptiva no centro do debate, e na semana em que o mundo celebrou o 20.º aniversário da Estação Espacial Internacional, a Agência Espacial Portuguesa, Portugal Space, juntou-se à revista Marketing Farmacêutico para organizar o seminário “Microgravidade: I&D Espacial para benefício de todos”, realizado no dia 6 de novembro, que contou com alguns dos peritos mais conceituados na área a nível mundial, e com mais de 100 participantes.
Este fórum, que foi totalmente virtual, focou-se se no uso do Espaço como lugar de Investigação & Desenvolvimento para novos medicamentos, tratamentos inovadores, dispositivos médicos e novos materiais, teve como principal objetivo sensibilizar as empresas portuguesas do sector farmacêutico e da Saúde, mas também a academia para as potencialidades do Espaço como o epicentro de um “imenso laboratório” extraterrestre que potenciará novas descobertas nas áreas da Saúde.
“A investigação em microgravidade é uma das muitas atividades que são desenvolvidas na Estação Espacial Internacional, mas existem outras plataformas para aceder a condições de gravidade zero, tanto no Espaço como na Terra tais como voos parabólicos e torres de lançamento”, assegurou Joan Alabart, responsável pelas Relações Industriais e Projeto da Portugal Space. O Space Rider, com lançamento previso para 2022, é um deles. O futuro veículo orbital reutilizável da ESA será usado para a realização de experiências científicas em ambientes de microgravidade e a Agência Espacial Europeia escolheu a ilha de Santa Maria, nos Açores, como potencial local de lançamento e para atividades de processamento pós desembarque.
O seminário foi dividido em três grandes temas relacionados com o potencial da microgravidade para o desenvolvimento de aplicações que melhorem a qualidade de vida na Terra, que permitam o desenvolvimento de aplicações médicas ou produtos farmacêuticos e, por fim, com o acesso a condições de gravidade zero.
Na área das aplicações médicas ou produtos farmacêuticos, Markus Wehland, do departamento de Microgravidade e Medicina Regenerativa da Universidade de Otto-von-Guericke (Alemanha), sublinhou a influência da microgravidade nas células cancerígenas e de que forma pode isso contribuir para o desenvolvimento de novos tratamentos, uma vez que com a ausência de gravidade as células envelhecem mais rapidamente, explicando que há já dados suficientes para se concluir que, grosso modo, a exposição das células do cancro da tiroide à microgravidade sofrem uma remissão assinalável.
O cientista germânico concluiu que existe “um grande potencial para a ciência” no Espaço e, na mesma medida, os tratamentos serão mais rápidos e eficazes.
Por seu turno, Puneet Tyagi, investigador sénior da AstraZeneca, referiu o trabalho que a farmacêutica tem desenvolvido no Espaço, nomeadamente sobre a avaliação do seu atual método proprietário de formação de nanopartículas em microgravidade. Ao estudar a formação de nanopartículas em microgravidade a farmacêutica espera identificar formas de otimizar o processo de fabrico de nanopartículas, o que poderá conduzir a terapêuticas inovadoras e a mais baixo custo.
O evento contou com a presença do ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, Ricardo Conde, presidente da Portugal Space, Dava Newman, diretora do MIT Portugal e ex-vice-presidente da NASA, Richard DalBello, vice-presidente para a área do Desenvolvimento da Virgin Galactic, entre outros.
Esta foi uma iniciativa da PORTUGAL SPACE, powered by revista MARKETING FARMACÊUTICO e conta com os media partners NETFARMA e FARMANEWS.