Nas últimas décadas o número de idosos tem vindo a aumentar significativamente. Em Portugal, em 2001, 16% da população tinha mais de 65 anos. Com o aumento da esperança média de vida, as projeções demográficas mais recentes estimam que em 2050 este número possa evoluir para os 32%. Este envelhecimento da população leva ao aparecimento de diversas patologias crónico-degenerativas e a alterações do processo de senescência. A polimedicação e o uso não racional do medicamento é uma questão que tem vindo a preocupar cada vez mais os profissionais de saúde. Com o avanço da idade, várias complicações se verificam e tornam o processo mais delicado, não só do ponto de vista da medicalização, mas também porque com o aumento da idade vai diminuindo a acuidade visual e auditiva, bem como frequentemente a cognitiva. Também nesta faixa etária ocorrem alterações a nível hepático, renal, cardíaco e vascular que aumentam a probabilidade de interações medicamentosas. Este processo inviabiliza a perceção correta da informação e em muito contribui para erros de medicação. O cumprimento do esquema posológico nos doentes geriátricos condiciona diretamente a eficácia terapêutica. É essencial a observância das instruções verbais e escritas pelo médico e as do farmacêutico, no ato da dispensa do medicamento. A não adesão correta à terapêutica tem consequências graves não só para a qualidade de vida do doente, como também a nível impacto socioeconómico, aumentando o número de hospitalizações, morbilidade e mortalidade dos doentes. Na Farmácia, o farmacêutico é um profissional de saúde tecnicamente competente, atento e muito próximo da população, tendo um papel preponderante na gestão da medicação, na divulgação de boas práticas de saúde, promoção da adesão à terapêutica e uso correto do medicamento. Por outro lado, é já reconhecida a necessidade de uma melhor articulação de equipas multidisciplinares em saúde e de uma maior aposta em medidas preventivas, de modo a minimizar os riscos de uma má gestão da terapêutica polimedicamentosa. O serviço de preparação individualizada de medicação (PIM) vem ao encontro desta nossa preocupação. Na nossa farmácia Holon é já prática corrente. É um método útil na gestão da terapêutica em doentes idosos e polimedicados, permitindo maior facilidade e eficácia na administração do medicamento certo, no dia e hora certos. O PIM permite não só melhorar a qualidade de vida do doente, como auxiliar familiares e cuidadores. Acreditamos que esta também é a nossa missão e que, com a devida ajuda, a polimedicação não tem de ser um problema! Cristiana Cardoso, |