“Cancro da mama: o meu é diferente do teu”. É este o mote para uma nova campanha que neste mês de outubro, onde se celebra o Dia Nacional do Cancro da Mama (a 30 de outubro), pretende informar sobre a existência de 4 subtipos diferentes de cancros da mama, com prognósticos e tratamentos diversificados.
“Nem todas as mulheres gostam dos mesmos estilos musicais, apreciam o mesmo tipo de exercício físico ou professam a mesma religião. Nem todas se vestem da mesma forma ou partilham os mesmos interesses. Então, se são todas diferentes, porque haverá o cancro da mama de ser igual para todas?”. Este é o ponto de partida de uma campanha que junta as associações Careca Power e Evita, a Liga Portuguesa contra o Cancro, a Sociedade Portuguesa de Senologia, a AstraZeneca e a Daiichi Sankyo.
No Mês Internacional de Prevenção do Cancro da Mama, a médica oncologista Gabriela Sousa explica em comunicado que “é muito importante saber que as diferentes doenças têm prognósticos diferentes e que cada doente tem especificidades próprias, o que implica muitas vezes tratamentos diferentes”. Como profissional de saúde, diz que “a principal vantagem é poder participar, com as equipas clínicas, nas decisões de tratamento, de forma consciente e informada”
A campanha conta com duas embaixadoras – Joana Cruz, animadora de rádio e Sara Rodrigues, criadora de conteúdos digitais – e apresenta quatro testemunhos em vídeo de quatro mulheres com um diagnóstico de cancro da mama que é, ao mesmo tempo, aquilo que as une e as separa.
“Atualmente, conhecemos sobretudo quatro subtipos moleculares de cancro da mama. Contudo, não é realizada em todos os casos a determinação molecular de cada subtipo e o que é consensual é a determinação, por técnicas laboratoriais a realizar aquando da biópsia, pela anatomia patológica, de vários recetores que, no seu conjunto, poderão ser interpretados e integrados numa classificação equivalente”, continua Gabriela Sousa.
A médica oncologista destaca “Luminal A “like” – elevada expressão de recetores hormonais (estrogénio e progesterona); Baixo índice proliferativo (Ki67) e ausência de expressão de HER2; Luminal B “like”/HER2 negativo – expressão menor de recetores hormonais, elevado índice proliferativo; HER2 “puro” – ausência de expressão de recetores hormonais e HER2 positivo; e triplo negativos – ausência de expressão de ambos os recetores hormonais e HER2″.
Há ainda casos “relacionados com alterações genéticas, que poderão ser herdadas (alterações germinativas) ou que apenas se manifestam no próprio tumor (alterações somáticas)”: Alterações cuja busca deve ser feita “no caso de cancro da mama avançado (metastizado), dado que o diagnóstico destas alterações poderá ter implicação no tratamento da doença. Também está indicado proceder à determinação de alterações germinativas, sempre que a probabilidade de haver uma alteração seja superior a 10%, e perante algumas situações: diagnóstico de cancro da mama em idade jovem, antes dos 40 anos; diagnóstico de cancro da mama bilateral; diagnóstico de cancro da mama triplo negativo; diagnóstico de cancro da mama no homem”.
Em comunicado, as entidades reforçam que “deve ser dada atenção a qualquer modificação da mama (incluindo pele e mamilo), de deformidades da mama ou nodulações, escorrências mamilares ou feridas que não cicatrizam. Também a persistência de sinais inflamatórios da mama devem ser tomadas em atenção. Muito importante é aderir ao Programa Nacional de Rastreio, já que o cancro da mama pode ser detetado antes do aparecimento de sintomas, e quanto mais precocemente for, maior a probabilidade de cura”.
Por ano, “são diagnosticados cerca de 7 041 novos casos de cancro da mama e morrem, em Portugal, cerca de 1 864 mulheres e alguns homens com este tipo de tumor (1). “Salientamos a maior prevalência em mulheres mais jovens e, com o aumento da longevidade, também muitos cancros da mama são diagnosticados acima dos 70 anos. Estas duas populações (muito jovens e muito idosas) têm necessidades específicas destas idades e implicam desafios constantes ao nível das estruturas dedicadas ao tratamento do cancro da mama”, conclui a especialista.