O Modelo 1431

Há uns dias tive o privilégio de conhecer e conversar com o fundador de uma grande empresa nacional, que é hoje uma marca de referência e um exemplo para todos nós.

No decorrer de tão agradável e interessante conversa, não pude deixar de o questionar sobre quando e como tudo tinha começado.

Como resposta, após um fugaz momento para estruturar ideias, recebo um sorriso rasgado, que me elucidou, de quão grato lhe era o tema…

E começou dizendo:
– «Quando há quase cinquenta anos decidi criar a minha empresa, eramos apenas três elementos. Hoje ultrapassámos os dois mil …». E foi desfiando a sua experiência, com calma, detendo-se aqui e ali em pormenores que para ele tinham maior relevância, num discurso de uma lucidez, discernimento e atualidade invejáveis: – «Muito cedo percebi que, se queria que a minha empresa progredisse, eu tinha de saber confiar em quem escolhi para trabalhar comigo, de forma a estar disponível para gerir e aproveitar as oportunidades que surgissem!».

E esta máxima de «confiar e delegar», esteve sempre na base da nossa longa e calma conversa, sendo evidente que este senhor tem a mais perfeita noção de que o seu fator crítico de sucesso, ao longo de todos estes anos, foi ter sabido delegar e confiar nas pessoas que ia integrando na sua estrutura, reconhecendo-lhes as suas competências e capacidades.

Dito assim, com esta humildade e simplicidade que o definem, até parece óbvio e fácil…

Transpondo para a realidade das nossas farmácias, é fácil de perceber que, de uma forma geral, estamos a “anos-luz” de gerir com este discernimento e visão empresarial.

Não importa a dimensão, o número de colaboradores, o meio urbano ou rural. Importa sim, perceber que, se somos nós a escolher  a nossa equipa, temos o privilégio de poder escolher as pessoas certas para os lugares certos, (assim abramos mão de toda uma forma de estar pouco flexível e centralizada…).

Temos de saber delegar na equipa que escolhemos, dando-lhe autonomia, e espaço para que possa desenvolver as suas capacidades, criatividade e competências.

Saber delegar tem de ser uma das nossas prioridades enquanto gestores das nossas farmácias e a única forma de descentralizar as atividades.

Delega-se a tarefa, e não a responsabilidade.

Exige comunicação com clareza, acompanhamento e monitorização. No tempo e no espaço.

A capacidade de delegar e otimizar resultados é a evidência de uma gestão eficaz e de uma equipa vencedora. Sem dúvida um fator crítico de sucesso de qualquer empresa.

Helena Amado, farmacêutica