No dia 3 de dezembro de 2020 foi apresentado o Plano de Vacinação contra a COVID-19, o qual prevê a toma de duas doses da referida vacina, sendo a mesma gratuita, universal e facultativa. Ainda no referido documento consta a informação de que a administração da vacina será realizada no Serviço Nacional de Saúde (SNS) através de pontos de vacinação, antevendo que estes possam ser expandidos numa fase posterior à primeira.
Assumiu-se, desde o primeiro dia em que a pandemia entrou nas nossas vidas, que a vacinação de toda a população portuguesa contra o vírus SARS-CoV-2 seria um desafio transversal a todos os setores da sociedade. Não só pela dimensão e dificuldade logística inerente, desde logo reconhecida, mas também pela ameaça da desinformação, das dúvidas e receios por parte da população relativamente à eficácia e segurança da vacina.
Vários têm sido os esforços da comunidade científica, das entidades reguladoras de saúde e das diversas organizações ligadas ao setor para disseminar informação de qualidade, baseada em evidência, com vista à promoção da confiança da população nesta que poderá ser a solução que todos desejamos para a pandemia que tem abafado as nossas vidas, caso haja a adesão que todos precisamos.
Para a difusão de informação de qualidade no que à eficácia e segurança da vacina diz respeito, também os Farmacêuticos, como sempre, têm contribuído de forma exemplar. Além de terem pleno conhecimento de todo o processo de desenvolvimento de vacinas, estes profissionais privilegiam de um contacto próximo com a população o qual, dificilmente, é experienciado por qualquer outro profissional da área da saúde.
Os Farmacêuticos estão na vanguarda da promoção da literacia em saúde da população, e a vacinação contra o vírus SARS-CoV-2 não será exceção. É sabido que são e que continuarão a ser os Farmacêuticos, os principais responsáveis pela instrução de muitos indivíduos, das mais diversas faixas etárias, em dúvidas pontuais sobre a eficácia e segurança da vacina e também do próprio Plano de Vacinação.
Ademais, está comprovado que a rede portuguesa de Farmácias Comunitárias é das melhores da Europa, e que garante a distribuição das Farmácias em território nacional em paralelo com a distribuição da população, permitindo que os Farmacêuticos tenham o papel fulcral de monitorizar aqueles que poderão ser os efeitos adversos resultantes da administração da vacina, reportando-os e contribuindo para a fase da farmacovigilância.
Portanto, numa altura que requer a união de esforços e a ação articulada de todos os profissionais de saúde, seria incompreensível que, Portugal não incluísse profissionais com formação ampla e atualizada com frequência, e ainda com competências técnicas de administração de vacinas e medicamentos injetáveis bem como de resposta a situações de reação anafilática, no seu Plano de Vacinação para a COVID-19.
Face a estes argumentos, será de se esperar a inclusão das Farmácias Comunitárias enquanto pontos de vacinação aquando da vacinação massiva de toda a população. Não só porque as pessoas procuram um local acessível, próximo e de confiança para a administração da vacina, mas também porque se nutre de uma importância fundamental observar as práticas que estão a ser adotadas nos países à nossa volta. É de se considerar que países como o Reino Unido, Irlanda, Estados Unidos da América, entre outros, estão já preparados para a inserção das Farmácias Comunitárias nos seus Planos de Vacinação, pelo que é necessário seguir os bons exemplos além fronteiras de modo a potenciar o Plano de Vacinação em Portugal, com a maximização do correto aproveitamento dos recursos que as Farmácias Portuguesas constituem para o SNS.
Carolina Simão
Presidente da Direção APEF – Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia