Independentemente do percurso académico, da vocação ou das expectativas de quem termina o Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, há sempre um conjunto de sentimentos que a maioria dos recém-graduados tem em comum: uma vontade incessante de entrar no mercado de trabalho, uma série de áreas de interesse e um mundo desconhecido de opções e oportunidades.
A falta de conhecimento da utilidade prática daquilo que é ensinado nas Universidades, o desfasamento dos planos curriculares com a atualidade da classe ou as falhas, ainda existentes, na relação academia-profissão são os principais entraves à adequação das competências dos estudantes ao mercado de trabalho. Ou mesmo deste aos seus futuros profissionais.
Não retirando a responsabilidade de cada um preparar por si mesmo o seu caminho, propomos um desafio aos responsáveis pelas direções das Faculdades e Institutos de Ensino Superior de Ciências Farmacêuticas, em Portugal. Sejam exemplares na formação técnico-científica dos futuros farmacêuticos do país, mas estimulem-nos, desde cedo, a contactar com os profissionais da área. Só estes podem transformar as descrições meramente teóricas das funções em experiências do mundo real e contribuir para a verdadeira orientação da nossa (normal) desorientação.
Como já dizia José Saramago “não tenhamos pressa, mas não percamos tempo”. O primeiro emprego e o percurso profissional consequente não devem ser encarados como uma corrida, mas uma visão alargada do setor e um contacto prévio com as diferentes áreas e stakeholders podem permitir que as escolhas sejam mais direcionadas e as experiências mais positivas. Se por um lado, os conhecimentos teóricos nos diferenciam como profissionais, a nossa capacidade de olhar mais à frente diferencia-nos como pessoas. E este poderá ser um fator decisivo numa futura entrevista de emprego. Neste sentido, é inquestionável que as Instituições de Ensino Superior, com o seu forte networking e maturidade, tenham a obrigação de, durante o percurso académico, desafiar a conceção que cada um possui de si mesmo. Para tal, é necessária uma desconstrução constante, que só é possível através dos desafios que nos obrigam a sair da nossa zona de conforto.
Conscientes destas lacunas nos estudantes que representamos, promovemos nos dias 1 e 2 de dezembro, a discussão de “Uma nova geração de saúde”, no Congresso Nacional de Estudantes de Farmácia, em Lisboa. Com palestrantes de renome e workshops improváveis, queremos contribuir para esta mudança, que se faz lentamente e que acreditamos que possa partir de nós.
Sofia Fonte,
Vice-presidente da Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia