Em 2014 os Prémios Almofariz – promovidos pela revista Farmácia Distribuição – assinalaram 20 anos de existência, com a atribuição de um prémio numa nova categoria – Prémio Almofariz para a Farmácia do Ano, que distingue a excelência de uma Farmácia Comunitária do País, de entre todas as candidatas. Foi, sem dúvida, um marco assinalável na história do já longo percurso desta publicação que há décadas acompanha com a sua enorme qualidade, tudo o que de bom se faz na área da Farmácia, do Medicamento, da Indústria, e da Saúde em Portugal, contribuindo para a divulgação e prestígio dos diversos setores da Farmácia e dos Farmacêuticos. E também para a importância e imprescindibilidade da farmácia na sociedade. Como é natural, a candidatura das farmácias a este prémio, remete para um regulamento, e obedece a critérios de aceitação exigentes, por forma a selecionar os melhores. E é nesta questão que nos deparamos com as nossas limitações enquanto “gestores” das nossas farmácias. É que sendo nós farmacêuticos, muito focados no que é a nossa formação de base, e o seu desempenho diário, deixamos para trás todo um manancial de informação que nós próprios vamos produzindo sem lhe dar qualquer valor, ou utilidade… Quero com isto dizer que inúmeras farmácias têm um altíssimo desempenho e intervenção nas mais diversas áreas – intervenção na comunidade, parcerias em saúde, em escolas, etc., mas, de uma forma geral, todo este tipo de intervenção e ações, vão sendo feitas á medida das necessidades, e das oportunidades que vão surgindo. Não obedecem a um planeamento de atividades prévio. É uma espécie de “navegação à vista”, e isto é transversal a toda a atividade da Farmácia, quer seja a gestão de recursos humanos, económica, planeamento de atividades, objetivos, etc. Há farmácias que tendo uma atividade notável nas mais diversas áreas, não têm como evidenciar as mesmas, por não haver um Plano de Ações estruturado no espaço e no tempo. Não têm como medir, monitorizar e evidenciar o muito que fazem. Apenas sabem que desencadearam e promoveram estas ações mas de forma empírica, e enquanto a memória temporal perdurar. E perdem-se imensas oportunidades de podermos mostrar o imenso que fazemos, e com que qualidade, porque tudo o que não é registado se esquece… Nos finais da década de 90, iniciámos um projeto global de implementação de um SGQ nas farmácias, com o apoio explícito da Ordem dos Farmacêuticos e da ANF, numa estratégia profissional absolutamente correta de nos preparar para o futuro. Os tempos de estabilidade que o setor vivia falaram mais alto, e o setor desvalorizou esta iniciativa deixando-a cair. Não tenho qualquer dúvida em afirmar que se tivéssemos tido o discernimento e lucidez, e levado a sério o desafio que nos foi proposto, munindo as nossas farmácias de ferramentas de gestão eficazes, estaríamos bem mais preparados para enfrentar os anos difíceis que surgiram, e que deixaram marcas tremendas no nosso tecido profissional. E, se até agora alguém mais distraído ainda não tinha tido esta noção, o Prémio Almofariz, com o seu regulamento e critérios de aceitação, vem demonstrar que apesar do muito e bom que se faz nas nossas farmácias, a única forma de o poder evidenciar, sustentar, e manter é através de um bom plano de gestão. Já tínhamos muitos motivos para agradecer à revista Farmácia Distribuição tudo o que tem feito pelo setor. Este é mais um. Helena Amado, farmacêutica |