Observatório: Em 2013 surgiram 160 novos casos de diabetes por dia 649

Observatório: Em 2013 surgiram 160 novos casos de diabetes por dia

04 de novembro de 2014

A prevalência da diabetes em Portugal voltou a aumentar em 2013, com 160 novos casos a surgirem por dia e com a população diabética a representar 25% da mortalidade nos hospitais, revela o relatório anual da diabetes, hoje divulgado.

De acordo com o relatório “Diabetes: Factos e Números”, do Observatório Nacional de Diabetes, a prevalência estimada da doença na população portuguesa com idades compreendidas entre os 20 e os 79 anos (7,8 milhões de indivíduos) foi de 13%, ou seja, mais de 1 milhão de portugueses.

O observatório salienta que destes mais de um milhão, 44% não está diagnosticado.

Por outro lado, quase metade (40%) da população portuguesa entre os 20 e os 79 anos já tem diabetes ou pré-diabetes.

O impacto do envelhecimento da população refletiu-se num aumento de 1,3 pontos percentuais da taxa de prevalência da diabetes entre 2009 e 2013, o que corresponde a um crescimento na ordem dos 11%, sublinha o relatório, citado pela “Lusa”.

Mas a situação dos jovens relativamente à doença também não é favorável, já que em 2013 foram detetados 18,2 novos casos de diabetes tipo 1 por cada 100 mil jovens com idades compreendidas entre os 0-14 anos, valor bastante superior ao registado em 2004.

O documento aponta também a existência de uma diferença estatisticamente significativa na prevalência da diabetes entre homens (15,6%) e mulheres (10,7%) e um forte aumento da prevalência com a idade: mais de um quarto das pessoas entre os 60-79 anos tem diabetes.

Existe ainda uma relação direta entre o índice de massa corporal e a diabetes, pois quase todos os diabéticos (90%) apresentam excesso de peso (49,2%) ou obesidade (39,6%).

A prevalência da diabetes nas pessoas obesas é cerca de quatro vezes maior do que nas pessoas com um índice de massa corporal normal, sublinha.

Aumentaram também em 2013 os internamentos associados ao pé diabético e o aumento das amputações dos membros inferiores, contrariando a tendência de redução que se vinha a verificar, destaca o observatório.

O número de utentes internados por «pé diabético» registou um acréscimo de mais 201 episódios nos últimos dois anos.

Ainda sobre os internamentos em hospitais do SNS, o relatório revela que os casos em que a diabetes é o diagnóstico principal aumentaram nos últimos cinco anos (40%).

Quanto a aspetos positivos, o documento salienta a diminuição da mortalidade intra-hospitalar nas pessoas com diabetes, quer como diagnóstico principal, quer como diagnóstico associado.

Ainda assim, em 2013 um em cada quatro óbitos mortes ocorridas nas unidades do Serviço Nacional de Saúde foi de uma pessoa com diabetes, correspondendo a um total de 11.679 indivíduos.

Há também uma diminuição do número de mortes nos internamentos em que a Diabetes foi o diagnóstico principal (menos 36% na última década) e o aumento (46% nos últimos 10 anos) do número de óbitos nos internamentos com registo de diabetes como diagnóstico associado.

O relatório destaca ainda como positivo o facto de se ter verificado este ano um aumento de 8,8% do número de utentes com diabetes registados na Rede de Cuidados de Saúde Primários, correspondendo a um acréscimo de 62 mil utentes, face ao ano anterior.

Por outro lado, a diabetes representa 8% das consultas dos cuidados primários, quando em 2011 representavam seis por cento.

O observatório registou ainda uma diminuição progressiva da duração média dos internamentos associados a complicações da diabetes: redução superior a 20 mil dias de internamento na última década.

Diabetes custou 1% do PIB e 10% da despesa em saúde, em 2013

Em 2013, os custos com a diabetes em Portugal representaram cerca de 1.500 milhões de euros, correspondendo a 1% do Produto Interno Bruto (PIB) e 10% das despesas em saúde, segundo um relatório hoje apresentado.

De acordo com o relatório “Diabetes: Factos e Números” do Observatório Nacional da Diabetes, no ano passado esta doença representou um custo direto estimado entre 1.250 e 1.500 milhões de euros (valor similar ao do ano anterior).

«Isto representa 0,8%-0,9% do PIB português em 2013 e 8%-9% da Despesa em Saúde em 2013», sublinha o documento, citado pela “Lusa”.

Por outro lado, «se considerarmos o custo médio das pessoas com diabetes, de acordo com os valores apresentados pela Federação Internacional da Diabetes (IDF) em 2013, a doença em Portugal representou um custo de 1.713 milhões de euros», acrescenta.

Tais valores representaram 1% do PIB português em 2013 e 10% da Despesa em Saúde em 2013.

Quanto ao custo médio das embalagens de medicamentos da diabetes, mais do que duplicou o seu valor nos últimos dez anos.

O crescimento do custo dos medicamentos da diabetes (mais 263%) tem assumido uma especial relevância face ao crescimento efetivo do consumo, quantificado em número de embalagens vendidas (mais 66%).

Segundo o observatório, os utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS) têm encargos diretos de 18 milhões de euros com o consumo de antidiabéticos orais e de insulinas, o que representa 8% dos custos do mercado de ambulatório com estes medicamentos no último ano.

Neste sentido, apesar do acréscimo de despesa registado no último ano, o relatório realça o facto de os encargos totais dos utentes com estes medicamentos terem estabilizado nos últimos três anos.