Um relatório do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência aponta que a comprovação científica sobre o uso medicinal de canábis no tratamento de sintomas provocados por algumas doenças é limitada
O relatório “Utilização de cannabis e canabinóides para fins medicinais: perguntas e respostas para a elaboração de políticas” conclui que é preciso mais investigação e estudos clínicos para avaliar melhor os efeitos benéficos e eventuais riscos associados ao consumo medicinal.
O mesmo documento faz um apanhado sobre a comprovação científica que existe em relação ao uso de medicamentos e de substâncias derivadas da planta, citando resultados de estudos e revisões realizados ao longo dos últimos anos. Mas também refere que os estudos existentes são poucos.
Assim, o relatório, acedido pelo jornal “Público”, refere que há comprovação «moderada» para o controlo de espasmos e rigidez muscular em doentes com esclerose múltipla, no controlo de dor crónica não-oncológica, incluindo dor neuropática, e na redução de crises epilépticas graves, em crianças, provocadas por doenças raras (síndromes de Dravet e Lennox-Gastaut).
No primeiro caso, o relatório diz que os doentes reportam melhorias, mas os estudos mostram um impacto limitado. Em Portugal o medicamento Sativex está autorizado desde 2012, mas só é possível obtê-lo através de uma autorização especial.
Em relação à dor crónica não-oncológica, refere-se a existência de pequenas — «mas estatisticamente relevantes» — melhorias comparativamente com os pacientes que estavam a fazer placebo. Já quanto ao uso de óleo CBD (cannabidiol) em crianças com epilepsias graves aponta a existência de comprovação na redução de crises, mas salienta que são precisos mais estudos para avaliar dosagens e interações com a medicação tradicional.
Publicado esta terça-feira, relatório salienta que o Observatório Europeu das Droga e da Toxicodependência não toma uma posição sobre o uso ou não da canábis medicinal.
Actualmente já existe um medicamento à base de óleo CBD aprovado nos Estados Unidos da América. A Agência Europeia do Medicamento deverá fazer a sua avaliação em 2019. Recentemente a Organização Mundial de Saúde recomendou que os preparados de CBD puro não fossem catalogados como droga, por não terem propriedades psicoactivas e potencial risco de dependência.