OE: Falta de enfermeiros contribui para «entupir» urgências 22 de Abril de 2015 O bastonário da Ordem dos Enfermeiros (OE), Germano Couto, disse hoje, no Funchal, que a falta de profissionais e de respostas ao nível dos cuidados de saúde primários contribui de forma significativa para «entupir» as urgências hospitalares. «Em Portugal, o número de enfermeiros continua muito abaixo das reais necessidades», afirmou Germano Couto na abertura do 2.º Congresso Insular de Enfermagem Madeira-Açores, que reúne mais de 500 profissionais até sexta-feira na capital madeirense. «Sei que o momento pelo qual estamos a passar não é fácil. Sentimo-lo na pele. Sofremos cada vez mais cortes, quer na nossa remuneração, pagando mais impostos, e trabalhamos cada vez mais horas, dias seguidos sem descanso para não comprometer a qualidade da saúde dos nossos cidadãos», realçou, vincando que a Ordem dos Enfermeiros está atenta à realidade vivida nos serviços de urgência dos hospitais e já expôs publicamente «várias situações de insegurança e condições indignas», citou a “Lusa”. «Não nos podemos esquecer que o nosso país está cada vez mais envelhecido e esta realidade tem reflexos na prestação de cuidados, nomeadamente nos serviços de urgência, que passa a ser muitas vezes um serviço de internamento», salientou. O problema da falta de profissionais foi também focado pelo presidente da secção da Madeira da Ordem, Ricardo Silva, que considerou fundamental a contratação de mais 350 para garantir a «qualidade mínima» dos serviços na região. «O custo dessa não-contratação será passarmos de um dos melhores serviços de saúde para “lanterna vermelha”» advertiu, realçando que não há qualidade e segurança em saúde sem enfermeiros. Ricardo Silva evocou estudos que comprovam que o aumento da carga de trabalho do enfermeiro está associado a um aumento da mortalidade e, por outro lado, que a diminuição da mortalidade está diretamente associada ao aumento da qualificação da equipa de enfermagem. O presidente da secção regional da Ordem dos Enfermeiros alertou, ainda, para o fenómeno da emigração, que diz ser «particularmente gritante» na área da enfermagem. «Depois de tanto falarmos em infraestruturação na Região [Autónoma da Madeira], corremos o risco de quando tivermos as estruturas ideais, não termos profissionais de saúde para as mesmas, porque as pessoas estão a emigrar», salientou. Ricardo Silva deixou também claro que não tem boas expectativas relativamente à políticas de saúde, apesar da mudança de Governo Regional, mas, por outro lado, garantiu que não lhe falta esperança e trabalho para oferecer. O secretário regional de Saúde, Manuel Brito, ouviu as críticas e disse que não tinha promessas para fazer, mas expôs «os três grandes compromissos» do novo Governo Regional: melhorar o acesso aos cuidados de saúde, melhorar a qualidade da prestação de cuidados e investir na medicina preventiva ao nível dos centros de saúde. Manuel Brito expressou também reconhecimento pelo profissionalismo e comportamento ético dos enfermeiros e vincou que «não há projeto nenhum que consiga atingir os objetivos se não tiver a motivação dos profissionais». |