OF questiona rede de cuidados continuados sobre gestão dos medicamentos 1019

A Ordem dos Farmacêuticos (OF), através de carta, questionou a Rede Nacional de Cuidados Continuados e Integrados (RNCCI) sobre a gestão racional dos medicamentos dos doentes e criticou a divisão entre profissionais de saúde perante a atual pandemia de covid-19.

Segundo esta carta, a que a Agência Lusa teve acesso, a bastonária dos farmacêuticos, Ana Paula Martins, dirigiu-se à coordenadora da RNCCI, Purificação Gandra, na sequência da intervenção da enfermeira, este domingo, em conferência de imprensa com a ministra da Saúde, Marta Temido, sobre os dados da evolução do covid-19 na rede de cuidados continuados.

“Quem faz nessa equipa multidisciplinar de que falou a gestão e otimização da terapêutica? Como é feita? Qual é a prevalência de polimedicação nestes doentes? Em quantos é feita a reconciliação terapêutica (…)? Quantos farmacêuticos dos ACES [Agrupamentos de Centros de Saúde], das ARS [Administração Regional de Saúde], tem a colaborar ativamente no tratamento dos nossos doentes crónicos?”, são várias das questões colocadas na carta pela bastonária da OF.

Tendo em conta as dúvidas colocadas, Ana Paula Martins aproveita para indicar que a OF irá pedir ao Ministério da Saúde “as auditorias e inspeções (…) sobre a gestão da medicação nessas unidades”.

No que respeita aos doentes “precisam de cuidados farmacêuticos personalizados”, a bastonária pediu mais esclarecimentos.

“Quantos doentes infetados com o SARS-CoV-2 têm na rede que lidera a nível nacional? E, para estes doentes, que protocolos terapêuticos são implementados, assumindo que boa parte deles são doentes crónicos e polimedicados? E nesses protocolos terapêuticos (…) qual é a avaliação farmacocinética que é feita?”, inquiriu.

Ana Paula Martins aproveitou ainda para criticar a aparente divisão entre ´classes` da saúde na contabilização dos profissionais infetados com covid-19.

“A Ordem dos Farmacêuticos repudia veementemente que se coloquem profissionais de saúde num grande saco com o rótulo de ´outros` em referências diversas e em situações que não são próprias. Não é cordial e consideramos até uma falta de respeito”, assinalando que “nada mais ficará igual” no setor.

A bastonária teve tempo ainda de sublinhar que existe um “potencial de colaboração enorme” na rede de farmácias, e que “cabe ao coordenador da RNCCI” estimular o estabelecimento de parcerias.