
“Estamos a trabalhar no projeto Top Farmácia Hospitalar”, anunciou o bastonário da Ordem dos Farmacêuticos na inauguração das XVI Jornadas de Farmácia Hospitalar, realizadas pela primeira vez na cidade do Porto.
O processo, que “nasceu dentro do Colégio”, pretende “identificar boas práticas” e “dar visibilidade à Farmácia Hospitalar”.
Nesse sentido, Helder Mota Filipe pediu aos farmacêuticos reunidos na sede da Secção Regional do Norte da Ordem dos Farmacêuticos, entre 23 e 24 de fevereiro, para divulgarem o projeto junto dos outros colegas, os diretores de serviço e os conselhos de administração, com o objetivo de se apresentarem a concurso.
A ideia é “fazer do Top Farmácia Hospitalar um clássico que, mais do que identificar o melhor de todos, permita uma dinâmica nova de partilha de boas práticas e uma festa, todos os anos, para entrega de um conjunto de prémios”.
Noutra ordem de ideias, o bastonário anunciou que, após as eleições e assim que for conhecido o novo governo, a OF prevê realizar “um evento para todos os farmacêuticos do SNS”, no sentido de discutir “a sua reestruturação e as formas de posicionamento e reação que devemos ter”.
“Quando os partidos não se preocupam com a sustentabilidade do sistema, nem com medicamentos, nomeadamente as terapêuticas inovadoras, é a receita para a desgraça”. No meio de tudo isto estão os farmacêuticos, “que terão de demonstrar a mais-valia da sua intervenção”. Para o bastonário, “é fundamental que nos preparemos para isso”, pelo que este será um dos temas em discussão no evento que a Ordem prevê realizar, “logo que tenhamos interlocutores políticos”.
Se o ano de 2023 foi “marcado por pressões crescentes, escassez de recursos e mudanças inesperadas” e “particularmente árduo”, também o início de 2024 “traz desafios exacerbados aos farmacêuticos hospitalares, que abarcam uma complexidade operacional crescente”, reconheceu o presidente do Conselho do Colégio de Farmácia Hospitalar, João Ribeiro.
Com a “reconversão do Serviço Nacional de Saúde” existe a “necessidade premente» de gerir o capital humano “de forma mais eficaz”, defende o especialista. No entanto, “os novos desafios são também, na maioria das vezes, sinónimo de oportunidades”, admite. Em linha com esta filosofia, o Conselho do Colégio delineou as XVI Jornadas sob o lema “Inteligência e adaptação: um passaporte para a evolução”.
O tema central das Jornadas incidiu, assim, sobre «Inteligência artificial e dados de saúde”, abriu horizontes e apontou caminhos e soluções que “são já presente e não futuro”. Um painel de especialistas permitiu antever as inovações e os desafios que “vão moldar o cenário da saúde nos próximos anos”.
Como referiu o bastonário, “a inteligência artificial não vai substituir o farmacêutico, mas vai interferir bastante com a prática farmacêutica aos diferentes níveis. É importante que os farmacêuticos estejam preparados para a usar de forma adequada, por forma a ser um instrumento útil e não um problema no dia-a-dia”. Essa utilidade poderá traduzir-se em “retirar tarefas” que podem ser assumidas pelos instrumentos de inteligência artificial, “para que o farmacêutico se possa dedicar a outras que exigem, obrigatoriamente, a sua intervenção”.
Um podcast trouxe a Residência Farmacêutica para a ribalta das XVI Jornadas. De acordo com os resultados de um questionário efetuado pelos residentes da ULS de São João, ao qual responderam 45 residentes (53,6% de um total de 84 vagas ocupadas em 2023), “entre 46,6% e 64,4% declararam estar satisfeitos ou muito satisfeitos”, em relação a questões como, por exemplo, instalações, processo inicial de integração, calendário de atividades no serviço, sistemas de informação ou diálogo e exposição de sugestões à restante equipa.
A atribuição do Prémio Pegadas foi um dos momentos mais esperados das Jornadas. Nesta ocasião, a homenagem recaiu sobre Rui Santos Ivo. De acordo com o presidente do INFARMED, que tem dedicado a sua vida ao serviço público, “é como farmacêutico hospitalar que me defino e me sinto”.
A apresentação dos trabalhos selecionados pelo júri dos Prémios DIFH foi outro momento importante. A decisão final distinguiu o trabalho “Medicamento de Terapia Avançada – Adaptação dos farmacêuticos hospitalares às novas exigências», da autoria de Anabela Fonseca e Helena Coelho. A qualidade dos trabalhos faz com que o Conselho do Colégio equacione a possibilidade de começar a atribuir menções honrosas. Mas essa e outras novidades vão ter de esperar pelas XVII Jornadas, desde já agendadas para o último sábado de fevereiro do próximo ano.