OM cria gabinete para apoiar doentes no acesso à inovação terapêutica e tecnológica
27 de outubro de 2017 A Ordem dos Médicos (OM) vai criar um gabinete para apoiar os doentes no acesso à inovação terapêutica e tecnológica, anunciou hoje o bastonário desta ordem profissional Miguel Guimarães, considerando que continuam a existir «muitas falhas» nesta área. O anúncio foi feito durante a sessão de abertura do 14.º Congresso Nacional de Oncologia, promovido pela Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO), que decorre até ao dia 29, em Aveiro. Em declarações à agência “Lusa”, o bastonário da OM afirmou que continua a haver doentes em Portugal que não têm acesso, em tempo útil, aos medicamentos que precisam, dando como exemplo a medicação para tratar a hepatite C. «Não há semana em que não receba uma queixa, um apelo de um médico, de um doente, ou de uma associação de doentes, porque o doente A, B ou C está a ter dificuldade em ter acesso a um tratamento que tem indicação e que é importante para o doente», disse Miguel Guimarães. Para «agilizar este processo internamente e centralizar esta questão», o bastonário anunciou a criação de um gabinete na própria estrutura da OM, que vai funcionar como «provedor direto dos doentes». Segundo Miguel Guimarães, o gabinete, que vai ser criado formalmente no plenário do conselho nacional da Ordem dos Médicos, deverá ser implementado até ao final deste ano. O bastonário referiu ainda que já apelou ao ministro da Saúde para que seja criado um “Simplex” para facilitar o acesso dos doentes à inovação terapêutica e tecnológica, considerando que existem «várias falhas» que têm a ver com «burocracia e barreiras que não fazem sentido». «Temos em Portugal um exagero muito grande naquilo que são as estruturas primárias, intermédias e superiores no acesso às terapêuticas», disse Miguel Guimarães, adiantando que esta situação tem levado, em muitos casos, a tratar os doentes «mais tarde do que aquilo que deviam ser tratados». «Em alguns doentes, isso pode significar perder a oportunidade daquela janela terapêutica e resultar em prejuízo sério para os doentes», afirmou o bastonário. Na mesma ocasião, a presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO), Gabriela Sousa, congratulou-se com o anúncio da criação deste gabinete, como garante de que «o tratamento seja dado ao doente, no tempo e na altura em que precisa dele». «Com o programa de ajustamento financeiro a que Portugal foi sujeito, temos assistido a uma dificuldade crescente no acesso dos doentes à inovação terapêutica», disse Gabriela Sousa. O 14.º Congresso Nacional de Oncologia, que tem como tema “A Oncologia na Era da Medicina de Precisão”, reúne os diversos grupos de estudos, entidades e profissionais dedicados às diferentes patologias e matérias oncológicas. |