OMS: 2021 representou retrocesso de 15 anos na erradicação do sarampo 705

A Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou esta terça-feira para o registo de vários surtos de sarampo em diferentes partes do mundo, que refletem um declínio na cobertura vacinal contra a doença.

De acordo com a OMS, a pandemia de covid-19 é uma das principais causas desta situação, mas não a única, uma vez que os surtos também estão a surgir em países frágeis, afetados por conflitos armados ou crises humanitárias. Os dados da agência das Nações Unidas para a Saúde indicam que em 2021 ficaram por vacinar 25 milhões de crianças, o que implica um retrocesso de 15 anos nos esforços para erradicar o sarampo.

“Estamos a falar de um das doenças mais infecciosas que existem, em que um doente pode infetar entre 12 a 18 pessoas, o que demonstra o importante risco de propagação”, afirmou em conferência de imprensa a diretora do departamento de imunização da OMS, Kate O’Brien, citado pela Lusa. Segundo a responsável, o número de crianças por vacinar contra o sarampo em 2021 é o mais elevado dos últimos anos.

Os peritos da OMS afirmaram estar preocupados porque, os surtos têm aumentado em número, bem como na sua dimensão, podendo causar a morte de crianças se os governos não realizarem campanhas de vacinação urgentes. Nos últimos 12 meses, a OMS identificou surtos em 26 países, sobretudo em África e Ásia. Kate O’Brien alertou ainda para o perigo de o sarampo passar de crianças para adolescentes e jovens adultos que não foram vacinados e nunca estiveram expostos ao vírus.

Em Portugal, dados da Direção-geral de Saúde referenciados a 04 de outubro indicam que a cobertura vacinal contra o sarampo é igual ou superior a 95%. O Programa Nacional de Vacinação prevê a imunização contra o sarampo em duas doses, aos 12 meses e aos 5 anos de idade.